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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

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Um ano a caminhar com São Paulo: "A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum"

29.12.08 | ssacramento

Em 1 Cor 12,1-1 Paulo fala-nos sobre os dons do Espírito Santo.

 

O Espírito é o ar que respiramos para podermos viver e, por isso, em Gn 2,7, o ser humano, formado do pó da terra, só depois de Deus lhe ter insuflado pelas narinas o sopro da vida, se tornou um ser vivo. Vivemos verdadeiramente quando respiramos o Espírito de Deus. Será dele que o Messias prometido receberá os dons necessários para estabelecer um reino de justiça e paz (Is 11,1-9). Foi esse Espírito que Cristo ressuscitado soprou sobre os discípulos, para os fazer portadores do perdão, obtido pela entrega da vida na cruz e é dele que nasce e vive a Igreja.

 

É neste contexto que Paulo começa por nos elucidar sobre a origem do dons do Espírito. Não podem vir dos ídolos que arrastavam os Coríntios antes da sua conversão a Cristo: fabricados pela criatura humana, não passam de figuras mudas, incapazes de transmitir a vida que só o Deus vivo e verdadeiro pode dar. A própria entrega de fé deve-se à acção do Espírito Santo que actua no Evangelho e naqueles que o proclamam. É o Espírito com que Cristo se entregou que nos conquista, nos transforma e passa a habitar em nós.

 

Vivemos todos do mesmo Espírito, mas a sua acção difere de pessoa para pessoa. Porém, essas diferenças que nos distinguem não nos devem separar. Da diversidade é que se forma a unidade. Paulo insiste na unidade, que exprime de 2 modos:

  • pela identificação das manifestações do Espírito, ou seja, os dons da graça (Kharísmata, em grego) de Deus e que nos permitem uma gratuidade (que se manifesta nos serviços = diakoníai) e energia (que leva à realização de operações  - energêmata - só possíveis a Deus);
  • Deus é o criador e garante da unidade dos diferentes dons.

Só depois Paulo fala da diversidade, sem perder de vista a unidade: todos os dons, como manifestação do Espírito, têm nele a sua origem e são dados (não são ganhos) a cada pessoa (ninguém é excluído), que os usará em proveito comum, quer dizer, para o bem da comunidade (também aqui ninguém fica de fora, tanto no receber como no dar). A lista de dons mencionados não é exaustiva e encontra-se ordenada em 3 grupos: a sabedoria (recebida e saboreada) e a ciência transmitida; na fé, as curas e milagres; a profecia, discernimento, glossolalia (capacidade de falar línguas estranhas) e sua interpretação.

 

 

(OLIVEIRA, Anacleto - Um ano a caminhar com S. Paulo. Palheira: Gráfica de Coimbra, 2008)