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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

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Carta a Cristo

29.01.08 | ssacramento
Querido Jesus de Nazaré,

Hoje senti uma enorme necessidade de te escrever. Não te quero maçar muito, pois sei que tens muito que fazer e eu também não tenho muito jeito para estas coisas...

Estava a preparar-me para escrever sobre a Aliança no Antigo Testamento. Esta palavra fez-me logo pensar num acordo ou pacto entre pelo menos duas pessoas. Há normas a cumprir, um compromisso a respeitar. E recordo-me do dia do meu casamento. Lembras-te? "... recebe esta aliança em sinal do meu amor e da minha fidelidade. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen." Nestas palavras está resumida muita da mensagem da Bíblia. Não é verdade que neste livro sagrado se conta a história do povo de Israel e esta é uma história da Aliança entre Deus e os homens?

Claro que tu estás farto de saber estas coisas, mas nós, homens e mulheres, esquecemo-nos muitas vezes deste pacto de amizade. Ao recordar a história da Salvação, lembro-me de um acontecimento determinante: Deus faz com o Povo uma aliança de Amor. Deus compromete-se a assistir o povo e o povo compromete-se em ser fiel a Deus. Por isso, Moisés entregou ao povo, em nome de Deus, os mandamentos da Lei de Deus, que apontam o caminho de fidelidade à Aliança. Quando leio essa parte da Bíblia (Ex 19) encontro os três elementos que constituem a Aliança: a Palavra de Deus; a adesão do povo; a celebração da Aliança selada por um rito e símbolos.

Porém (e há sempre um "mas" em todas as histórias) houve tentações... e quedas... traições... infidelidades. A aliança Deus-homens parecia caminhar para o "divórcio". Surpresa! No meio das infidelidades tão repetidas, o Povo faz a experiência da bondade e misericórdia do Senhor (Salmo 102). Para chamar o povo à fidelidade à Aliança e o manter na esperança da Salvação, Deus envia-lhe profetas. Homens que defendem os direitos de Deus e também os direitos dos homens (Am 2,6). Homens atentos aos acontecimentos do seu tempo. Homens que procuram nas situações concretas os apelos de Deus. Homens que actualizam a Aliança.

(E agora faço um parêntesis nesta minha carta a Cristo. Nunca tinha pensado a Aliança como uma realidade dinâmica, em movimento. Mas é verdade. Também no casamento, a aliança que fizemos desenvolve-se no sentido da perfeição, embora com altos e baixos. Actualiza-se em cada dia, com aquele sorriso que dou, com aquela carícia que recebo, com pequenas palavras, gestos, sinais... Só assim a fidelidade pode ser alimentada e renovada. Já agora: a minha aliança com Deus andará actualizada?)

Esta carta já vai longa. É preciso concluí-la. Senhor, eu sei que Tu não és mudo. Diriges-te aos homens e mulheres através da palavra humana. Jesus de Nazaré, permite que eu seja tua/teu intermediária/o. Que eu seja capaz de escutar a Palavra de Deus no presente, meditá-la e me deixe transformar por ela. Acredito que, com a Tua ajuda, serei fiel às minhas alianças e cantarei eternamente as tuas maravilhas.

Obrigado por me ouvires e até breve.

Um(a) tua/teu crente.