Olhamos mas não vemos
Olhamos o mundo mas não vemos Deus a agir e o seu amor a recriar maravilhas. Olhamos o nosso interior mas não vemos o pecado e o mal que está em nós. Olhamos os outros mas não descobrimos, em cada um, o rosto de Cristo. Olhamos o crucifixo mas não vemos o Cristo sofredor a pedir-nos fidelidade. Olhamos o Evangelho mas não vemos as suas exigências, as suas interpelações. Olhamos o sacrário mas não vemos, não caímos na conta de que está ali o nosso Deus. Olhamos a beleza das criaturas mas não vemos, não nos lembramos do Criador de todas elas. Olhamos o exemplo dos santos mas não vemos que há aí um caminho a seguir, uma vida interior a imitar. Olhamos o pobre e o marginal mas não vemos o rosto sofredor de Jesus a clamar pão e amor. Olhamos o Sol e a Lua mas não vemos a Luz que é Cristo.
Uma nuvem densa de poeira faz que olhemos mas não vejamos. Olhamos mas a nuvem de poeira não nos deixa ver caminhos de mais amor, mais dom, mais serviço, mais entrega, mais generosidade. Precisamos de lutar contra a poeira que nos invade e vai assolando o mundo à nossa volta, para podermos ver com um olhar límpido as maravilhas de Deus e do seu amor.
(PEDROSO, Dário - Nuvem de Poeira. Braga: Editorial A.O., 2006)