Um ano a caminhar com São Paulo: "Não podeis participar a mesa do Senhor e da mesa dos demónios"
Um dos problemas da Igreja actual é a diminuição de participantes na Eucaristia dominical, bem como a sua fraca incidência na vida dos que nela participam. Será que verdadeiramente percebemos todo o significado deste sacramento? Em 1Cor 10,14-22, Paulo centra-se no lugar da Eucaristia na vida dos cristãos.
A refeição judaica começava pela fracção do pão. O chefe de família pegava nele, agradecia a Deus por ele e os comensais respondiam com Amen. Depois, partia-o e distribuía um pedaço por cada um. No final da refeição, sendo festiva, fazia o mesmo com o cálice: enchia-o e agradecia a Deus também pelo vinho. Na refeição pascal, este cálice era chamado cálice de benção. Benção (do latim benedictio), em hebraico, significa gratidão: bendizia-se a Deus, quer dizer, dizia-se bem dele, pelo bem por Ele concedido. Aliás, a eucaristia significa acção de graças, ou seja, é a resposta à graça (em grego kharis) obtida.
Foi numa destas refeições, a última antes da sua morte, que Jesus fez do pão e do vinho o seu corpo e o seu sangue. Na concepção judaica, o sangue, porque insubstituível, é identificado com a vida (Lv 17,11.14) e o corpo é a pessoa toda, enquanto se exterioriza e se relaciona. Assim, no seu corpo e sangue, foi toda a sua vida que Jesus entregou a Deus por nós, tornando-se fonte definitiva de salvação para toda a humanidade.
(OLIVEIRA, Anacleto - Um ano a caminhar com S. Paulo. Palheira: Gráfica de Coimbra, 2008)