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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

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3ª Semana da Quaresma - Sábado

17.03.07 | ssacramento

Para compreendermos melhor a 2ª leitura do 4º Domingo da Quaresma:

"Por volta de 56/57, chegam a Corinto missionários itinerantes que se apresentam como apóstolos e criticam Paulo, lançando a confusão. Provavelmente, trata-se ainda desses “judaizantes” que queriam impor aos pagãos convertidos as práticas da Lei de Moisés (embora também possam ser cristãos que condenam a severidade de Paulo e que apoiam o laxismo da vida dos coríntios). De qualquer forma, Paulo é informado de que a validade do seu ministério está a ser desafiada e dirige-se a toda a pressa para Corinto, disposto a enfrentar o problema. O confronto é violento e Paulo é gravemente injuriado por um membro da comunidade (cf. 2 Cor 2,5-11;7,11). Na sequência, Paulo abandona Corinto e parte para Éfeso. Passado algum tempo, Paulo envia Tito a Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Quando Tito regressa, traz notícias animadoras: o diferendo foi ultrapassado e os coríntios estão, outra vez, em comunhão com Paulo. É nessa altura que Paulo, aliviado e com o coração em paz, escreve esta Carta aos Coríntios, fazendo uma tranquila apologia do seu apostolado.

O texto que nos é proposto está incluído na primeira parte da carta (2 Cor 1,3-7,16), onde Paulo analisa as suas relações com os cristãos de Corinto. Neste texto em concreto, transparece essa necessidade premente de reconciliação que vai no coração de Paulo.

A palavra-chave desta leitura é “reconciliação” (das dez vezes que Paulo utiliza o verbo “reconciliar” e o substantivo “reconciliação”, cinco correspondem a esta passagem). Transparece, portanto, aqui, a angústia de Paulo pelo “distanciamento” dos seus queridos filhos de Corinto e a sua vontade de refazer a comunhão com eles.

Mas, para além da reconciliação entre os coríntios e Paulo, é necessária a reconciliação entre os coríntios e Deus. Daí a ardente chamada do apóstolo a que os coríntios se deixem reconciliar com Deus. “Em Cristo”, Deus ofereceu aos homens a reconciliação; aderir à proposta de Cristo é acolher a oferta de reconciliação que Deus fez. Ser cristão implica, portanto, estar reconciliado com Deus (isto é, aceitar viver com Ele uma relação autêntica de comunhão, de intimidade, de amor) e com os outros homens. Isto significa, na prática, ser uma criatura nova, um homem renovado. (...)

[Qual a mensagem que nos fica para os nossos dias?]

• Ser cristão é, antes de mais, aceitar essa proposta de reconciliação que Deus nos faz em Jesus. Significa que Deus, apesar das nossas infidelidades, continua a propor-nos um projecto de comunhão e de amor. Como é que eu respondo a essa oferta de Deus: com uma vida de obediência aos seus projectos e de entrega confiada nas suas mãos, ou com egoísmo, auto-suficiência e fechamento ao Deus da comunhão?

• É “em Cristo” – e, de forma privilegiada, na cruz de Cristo – que somos reconciliados com Deus. Na cruz, Cristo ensinou-nos a obediência total ao Pai, a entrega confiada aos projectos do Pai e o amor total aos homens nossos irmãos. Dessa lição decisiva deve nascer o Homem Novo, o homem que vive na obediência aos projectos de Deus e no amor aos outros. É desta forma que eu procuro viver?

• A comunhão com Deus exige a reconciliação com os outros meus irmãos. Não é uma conclusão a que Paulo dê um relevo explícito neste texto, mas é uma perspectiva que está implícita em todo o discurso. Como me situo face a esta obrigatoriedade (para o cristão) de me reconciliar com os que me rodeiam?"


(Retirado de http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_liturgia.asp?noticiaid=43533=