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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

Semana de Oração pelas Vocações

20.04.07 | ssacramento
Inicia-se já no próximo domingo a Semana de Oração pelas Vocações. O tema da Mensagem do Papa Bento XVI para o 44º Dia Mundial de Orações pelas Vocações, que se celebra a 29/04/2007 (IV Domingo de Páscoa),  convida-nos a reflectirmos sobre a "vocação ao serviço da Igreja-comunhão". Vejamos o que ele nos diz:


Este dia "é uma bela ocasião para vos colocar diante da importância das vocações para a vida e missão da Igreja e para intensificarmos as nossas orações para o seu crescimento em número e em qualidade. (...)

No ano passado iniciei nas audiências das quartas-feiras uma nova série catequética sobre o relacionamento entre Cristo e a Igreja. Sublinhei que a primeira comunidade cristã foi originariamente construída quando alguns pescadores da Galileia, após o seu encontro com Jesus, foram tocados pelo seu olhar e pela sua voz, aceitando, em seguida, o seu urgente convite: “Vinde comigo, e farei de vós pescadores de homens” (Mc 1, 17; cfr Mt 4, 19). Na verdade, Deus tem escolhido sempre determinadas pessoas para trabalharem com Ele, de modo mais directo, e executarem o seu plano de salvação. O Antigo Testamento mostra como no início Deus chamou Abraão para fazer dele “uma grande nação” (Gen 12,2); depois, chamou Moisés para fazer sair do Egipto os filhos de Israel (cfr Ex 3, 10). Deus escolheu outras pessoas, especialmente os profetas, para defender e manter viva a aliança com o seu povo. No Novo Testamento Jesus, o Messias prometido, convidou cada um dos apóstolos para ficar a seu lado (cfr Mc 3, 14) e envolver-se na sua missão. Por ocasião da Última Ceia, quando lhes confiou a missão de perpetuar a memória da sua morte e ressurreição até à sua vinda gloriosa no fim dos tempos, dirigiu-se ao Pai e fez a conhecida oração: “Eu dei-lhes a conhecer quem Tu és e continuarei a dar-te a conhecer, para que o amor com que me amaste esteja neles, e Eu esteja neles também” (Jn 17, 26). A missão da Igreja, portanto, baseia-se na comunhão íntima e fiel com Deus.

A Constituição Lumen Gentium do Concílio Vaticano II descreve a Igreja como “um povo unido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (n. 4), no qual se reflecte o próprio mistério de Deus. Reflecte-se nela o amor da Santíssima Trindade; pela obra do Espírito Santo, os seus membros formam “um só corpo e um só espírito” em Cristo. Esse povo, organicamente estruturado sob a direcção dos seus Pastores, vive o mistério da comunhão com Deus e com os seus irmãos, de modo especial quando se encontra na Eucaristia. A Eucaristia é a fonte da unidade eclesial pela qual Jesus rezou antes da sua Paixão: “Pai ... que todos sejam um [...] a fim de que o mundo acredite que Tu me enviaste” (Jo 17, 21). Essa intensa comunhão favorece o surgimento de generosas vocações para o serviço da Igreja: o coração daquele que crê, cheio de amor divino, é animado a dedicar-se totalmente à causa do Reino. Para que as vocações sejam incentivadas, é importante organizar um trabalho pastoral direccionado precisamente ao mistério da Igreja-comunhão. De facto, quem vive na comunidade eclesial caracterizada pela harmonia, pela co-responsabilidade acolhedora, facilmente aprende a discernir o chamamento do Senhor. O cuidado das vocações, portanto, necessita de uma constante “educação” para ouvir a voz de Deus, como Eli fez quando ajudou o pequeno Samuel a compreender o que Deus lhe estava a pedir e a executar imediatamente a ordem dada (cfr I Sam 3, 9). É óbvio que o dócil e atencioso escutar, apenas pode acontecer num clima de íntima comunhão com Deus. Isso acontece principalmente na oração. De acordo com a ordem explícita do Senhor imploramos o dom das vocações, em primeiro lugar, pela oração incansável e em comunidade, ao “Senhor da messe”. O convite está no plural: “Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9, 38). O convite do Senhor corresponde exactamente ao estilo do “Pai-nosso” (Mt. 6, 9). (...). Uma outra expressão de Jesus é, nesse contexto, extremamente iluminadora: “Se dois de entre vós se unirem, na terra, para pedir qualquer coisa, hão-de obtê-la de meu Pai que está no céu” (Mt 18, 19). O Bom Pastor convida-nos, portanto, a rezar ao Pai celestial, unidos e perseverantes, para que mande vocações para o serviço da Igreja-comunidade. (...)

No centro de cada comunidade cristã está a Eucaristia, fonte e cume da vida eclesial. Aquele que se coloca a serviço do Evangelho e se alimenta com a Eucaristia progride no amor a Deus e ao irmão, contribuindo para a construção da Igreja-comunhão. Podemos afirmar que o “amor eucarístico” motiva e alicerça a actividade vocacional de toda a Igreja porque, como escrevi na encíclica Deus caritas est, as vocações para o sacerdócio, para os ministérios e serviços, desabrocham no Povo de Deus onde há pessoas nas quais Cristo pode ser visto através da sua Palavra, nos sacramentos e, especialmente, na Eucaristia. Isso acontece porque “na liturgia da Igreja, na sua oração, na comunidade viva dos crentes, nós experimentamos o amor de Deus, sentimos a sua presença e aprendemos deste modo também a reconhecê-la na nossa vida quotidiana. Ele amou-nos primeiro, e continua a ser o primeiro a amar-nos; por isso, também nós podemos responder com o amor” (n. 17).

Finalmente, voltemo-nos para Maria que deu apoio à primeira comunidade onde “todos tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração” (Act 1, 14) para que Ela ajude a Igreja a ser ícone da Santíssima Trindade no mundo de hoje. Um sinal eloquente do amor divino para todas as pessoas. Que a Virgem Maria, que respondeu prontamente ao chamamento do Pai, dizendo “Eis a escrava do Senhor” (Lc 1, 38), interceda para que no seio do povo cristão não faltem os servidores do amor divino, ou seja, sacerdotes que, em comunhão com os seus bispos, anunciem fielmente o Evangelho e celebrem os sacramentos, cuidem do Povo de Deus, e estejam preparados para anunciar o Evangelho a todas as pessoas. Que a sua ajuda faça crescer nos nossos dias o número de pessoas consagradas, que contra a corrente, vivam os conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência, dando profeticamente testemunho de Cristo e da sua mensagem libertadora de salvação. (...)"

(http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=45400&seccaoid=9&tipoid=70)
(a 1ª imagem está disponível na Internet em http://lacosazuis.blogs.sapo.pt/arquivo/mundo-orar.jpg)



"Jesus Cristo, Filho de Maria, a Mãe do belo Amor,
toca o coração de muitos jovens,
para que, na escuta da Tua Palavra,
respondam com um Sim generoso
e confiante e sejam protagonistas
numa Igreja que vive, celebra e testemunha o Evangelho do Serviço e da Comunhão. Ámen."

(Folha Pão e Vida nº 408 - http://paoevida.blogspot.com)

 

Um conto para reflectir

19.04.07 | ssacramento
"Um construtor civil trabalhava há muitos anos por conta de uma grande empresa.

Um dia, recebeu ordens para construir uma bela moradia segundo um projecto ao seu gosto. Podia construí-la no lugar onde lhe apetecesse e sem olhar a despesas.

Os trabalhos começaram rapidamente, mas aproveitando a grande confiança que lhe foi dada, o construtor pensou em utilizar materiais falsificados, contratar  operários pouco competentes cujo ordenado fosse inferior, metendo assim ao bolso uma  boa quantia.

Quando a vivenda ficou terminada, o construtor entregou a chave ao dono da empresa. Este restitui-lha sorrindo e, dando-lhe um aperto de mão, disse:

- Esta casa é a nossa oferta para si, como sinal de estima e de reconhecimento."


E eu, sou honesto(a) na minha profissão? Cumpro o meu dever com lealdade?



(FERREIRA, Pedrosa - Educar Contando. Porto: Edições Salesianas, s/d)

Simbologia ligada à semente

18.04.07 | ssacramento
A Bíblia é o livro sagrado de um povo de agricultores e pastores e, por isso, não é de admirar o uso da linguagem simbólica das sementeiras e das sementes para falar de realidades espirituais e transmitir mensagens de fé.

A semente, embora pequena, tem a capacidade de produzir uma enorme quantidade de outros grãos e de estar na origem de uma grande árvore. Um saco de semente pode encher um campo de trigo. A semente já contém em si mesma o que no futuro se vai manifestar. Ela é o símbolo de todas as capacidades e possibilidades, da abundância de vida. É este o sentido dado no 1º capítulo da Bíblia, quando o Senhor promete o florescer da vida em abundância, criando as sementes de todas as árvores, plantas e ervas (Gn. 1,11).

O povo hebraico utilizou a mesma palavra ("zera", traduzido geralmente na Bíblia por descendência) para falar da semente das plantas e da "semente" que origina a vida humana e animal, pois toda a semente vem do Senhor (Jer. 31,27).  Neste povo surge uma Mulher, Maria, que deu ao mundo a verdadeira "Descendência", Jesus Cristo, o qual venceu, pela morte e ressurreição, a serpente do mal. Esta Mulher é também a Igreja, perseguida nos cristãos pela serpente, que se transforma num dragão vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas (Ap. 12,3).

Se a semente produz frutos, a acção de semear orgina a esperança de um fruto que ainda não se colheu, que passará muitas peripécias e dificuldades, que pode aparecer impossível. A acção de semear contrapõe-se à alegria da colheita (Sl. 126,6).

A semente é sinal das bençãos de Deus e para falar da fidelidade de Deus ao seu povo ou da fidelidade do povo a Deus, os profetas usam o símbolo da semente (Is. 30,23). Quando não se pode semear ou se semeia e não há produção, significa uma qualquer maldição (Is. 5,10). O semear para ceifar é também símbolo da luta pela sobrevivência de cada dia (Mt. 6,26).

O gesto do semeador é dos mais belos e característicos da vida no campo, sendo um símbolo do bem ou do mal praticados (Job. 4,8; Prov. 11,18). Longe de Deus a sementeira das obras humanas só produz espinhos (Jer. 12,13).

A semente é ainda símbolo da palavra de Deus. Os três primeiros evangelistas insistem na comparação entre semente e Palavra de Deus. Na parábola da semente e do semeador, diz-se que o "semeador semeia a Palavra" (Mc. 4,14) e esta foi uma das poucas parábolas que Jesus explicou aos seus discípulos. "A semente é a Palavra de Deus" (Lc. 8,11) e Jesus compara-se a um semeador a semear a semente da Palavra no campo do coração de cada um de nós. A urgência da escuta da Palavra, a atenção e o acolhimento que se lhe deve prestar aparecem na frase final de Jesus "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". Não escutar a Palavra de Deus, proclamada por Jesus, é sujeitar-se a ser campo onde o inimigo lança as sementes do joio.

Esta ideia também aparece na parábola do trigo e do joio (Mt. 13, 24-30), que são semeados no mesmo campo, quer dizer, no coração de cada homem e mulher, a semente da Palavra de Deus e a semente do mal andam juntas. Assim, o mundo é comparado a um campo onde é semeada a Palavra de Deus, só que outras sementes más também são semeadas. O que ouve a Palavra de torna-se ele próprio uma semente boa. A melhor explicação da parábola vem da boca do próprio Jesus (Mt. 13,37-43). Ao ouvir a Palavra de Deus, cada cristão recebe dela a sua força e essa semente deve dar frutos de caridade (1Pe 1, 22-23).

É que se o coração do ser humano é um campo aberto à semente do Evangelho, o corpo humano do cristão também é santificado pela semente da Palavra que é garantia da Ressurreição. Como a semente tem de morrer para poder germinar, assim também o nosso corpo, qual semente, para entrar na ressurreição, tem que passar pela morte (Jo 12,24-25). O mesmo sentido é apresentado por São Paulo quando se refere à ressurreição corporal (1Cor 15,35-44).

Toda a vida do cristão é um campo onde ele próprio, acolhendo a semente da Palavra de Deus, está chamado a semear a semente das boas obras e cada um colherá o que tiver semeado (2Cor 9,6).

Nascidos da semente da Palavra de Deus, os cristãos tornam-se um campo onde a vida surge em abundância. A pequenez da semente não a  impede de se tornar uma árvore. A parábola do grão de mostarda diz que a Igreja começou pela semente de um pequenino grupo tornando-se uma árvore (Mt. 13, 31-32). Tal como esse grão de mostarda, Jesus exige de nós fé na sua Palavra (Mt. 17,20).

E nós, como poderemos ser hoje semeadores da semente da Palavra de Deus?


(Adaptado de um artigo de Herculano Alves, Revista Bíblica, nº 242)



http://www.padremarcelinho.com.br/historinhas.html (História "O Semeador")

Rescaldo da Visita Pascal

17.04.07 | ssacramento
"A festa da Páscoa é para nós cristãos a festa das festas, pois é nela que se baseia toda a nossa esperança, todo o evangelho que anunciamos. Cristo morreu por amor a nós, mas a sua morte transformou-se em fonte de vida e de vida eterna. Esta é a Boa Nova que foi passando de geração em geração até aos nossos dias e que nos reúne em todas as eucaristias para darmos graças a Deus por tal acontecimento.

É uma notícia demasiado importante para a guardarmos dentro das paredes da igreja, por isso saímos às ruas para anunciar que a esperança na felicidade eterna continua viva, pois Cristo Ressuscitou.

Reúnem-se vários fiéis para em conjunto levarem a Boa Nova a quem a desejar receber e assim pobres e ricos, doentes e sãos, crentes e não crentes recebem em sua casa a Santa Cruz que lhes anuncia a alegria da Ressurreição de Cristo. Os sinos que começam a tocar no Glória da Vigília Pascal prolongam-se agora pelas ruas da paróquia para que todos dêem glória a Deus pelo amor que nos tem. As famílias reencontram-se, as portas fechadas ao desconhecido abrem-se a Cristo Ressuscitado.

Este é o dia da Páscoa que Deus desejou que se festejasse, perpetuamente, desde os tempos do êxodo e que nós continuamos a celebrar, incentivados pela força da alegria da ressurreição de Cristo.

Neste dia em que as nossas casas se abriram para entrar Cristo Ressuscitado, pedimos ao Senhor que também os nossos corações se tenham aberto para que esta Boa Nova permaneça neles e nos acompanhe durante toda a vida, até à Páscoa definitiva."

Artigo escrito pelo seminarista Renato Poças e publicado na Folha Pão e Vida, nº 407 -
http://paoevida.blogspot.com


Parabéns, Santo Padre!

16.04.07 | ssacramento

O Papa Bento XVI faz hoje 80 anos.

A Santa Sé disponibilizou o envio on-line de uma felicitação pessoal de aniversário ao Papa Bento XVI. Para isso basta seguir a hiperligação
http://isidoro.vatican.va/auguri/auguri.php?lingua=po e preencher o formulário aí disponível.

Com o nome Joseph Ratzinger, "nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia. O seu pai, comissário da polícia, provinha duma antiga família de agricultores da Baixa Baviera, de modestas condições económicas. A sua mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar trabalhara como cozinheira em vários hotéis.

Passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da fronteira com a Áustria, a trinta quilómetros de Salisburgo. (...)

O período da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família prepararam-no para enfrentar a dura experiência daqueles tempos, em que o regime nazista mantinha um clima de grande hostilidade contra a Igreja Católica. O jovem Joseph viu os nazistas açoitarem o pároco antes da celebração da Santa Missa. (...)

Nos últimos meses da II Guerra Mundial, foi arrolado nos serviços auxiliares anti-aéreos. Recebeu a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1951.

Um ano depois, começou a sua actividade de professor na Escola Superior de Freising.

No ano de 1953, doutorou-se em teologia com a tese «Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho». Passados quatro anos, (...) conseguiu a habilitação para a docência com uma dissertação sobre «A teologia da história em São Boaventura». (...)

De 1962 a 1965, prestou um notável contributo ao Concílio Vaticano II como «perito»; viera como consultor teológico do Cardeal Joseph Frings, Arcebispo de Colónia.

A sua intensa actividade científica levou-o a desempenhar importantes cargos ao serviço da Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 25 de Março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de München e Freising. A 28 de Maio seguinte, recebeu a sagração episcopal. (...) Paulo VI criou-o Cardeal (...)

Em 1978, participou no Conclave, (...) que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu Enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional (...). No mês de Outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.(...)

João Paulo II nomeou-o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de Novembro de 1981. (...)

Foi Presidente da Comissão encarregada da preparação do Catecismo da Igreja Católica, a qual, após seis anos de trabalho (1986-1992), apresentou ao Santo Padre o novo Catecismo.(...)".


O resto da biografia pode ser consultada em

http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/biography/documents/hf_ben-xvi_bio_20050419_short-biography_po.html


Na última sexta-feira, foi também apresentado oficialmente o livro de Joseph Ratzinger, «Jesus de Nazaré», e hoje serão lançados 350.000 exemplares nas livrarias italianas. A Portugal, o livro chegará em Maio.


Aqui fica o prefácio do livro, numa tradução da Agência Zenit (não corresponde à versão oficial a ser publicada).

"Cheguei ao livro sobre Jesus, do qual apresento agora a primeira parte, após um longo caminho interior. Nos tempos de minha juventude -- anos trinta e quarenta -- publicou-se uma série de livros apaixonantes sobre Jesus. Recordo o nome de alguns autores: Karl Adam, Romano Guardini, Franz Michel Willam, Giovanni Papini, Jean Daniel-Rops. Em todos estes livros, a imagem de Jesus Cristo delineava-se a partir dos evangelhos: como viveu sobre a Terra e como, apesar de ser plenamente homem, levou ao mesmo tempo os homens a Deus, com o qual, como Filho, era uma coisa só. Assim, através do homem Jesus, Deus tornou-se visível, e a partir de Deus pôde ver-se a imagem do homem justo.

A partir dos anos cinquenta, a situação mudou. A sepração entre o «Jesus histórico» e o «Cristo da fé» tornou-se cada vez maior: afastaram-se um do outro rapidamente. Mas que significado pode ter a fé em Jesus Cristo, em Jesus Filho do Deus vivo, se depois o homem Jesus era tão diferente de como o apresentavam os evangelistas e de como o anuncia a Igreja a partir dos Evangelhos?

Os progressos da pesquisa histórico-crítica levaram a distinções cada vez mais subtis entre os diversos extractos da tradição. Por trás deles, a figura de Jesus, sobre a qual se apoia a fé, fez-se cada vez mais incerta, assumiu características cada vez menos definidas.

Ao mesmo tempo, as reconstruções sobre este Jesus, que devia ser procurado a partir das tradições dos evangelistas e suas fontes, tornaram-se cada vez mais contraditórias: desde o revolucionário inimigo dos romanos que se opunha ao poder constituído e naturalmente fracassa, ao manso moralista que tudo permite e inexplicavelmente acaba por causar a sua própria ruína.

Quem ler várias destas reconstruções pode constatar rapidamente que são mais fotografias dos autores e dos seus ideais que a verdadeira interrogação sobre uma imagem que se tornou confusa. Enquanto isso, ia crescendo a desconfiança para com estas imagens de Jesus, e a própria figura de Jesus se ia afastando cada vez mais de nós.

Todos estas tentativas deixaram, como denominador comum, a impressão de que sabemos muito pouco sobre Jesus, e que só mais tarde a fé na sua divindade plasmou a sua imagem. Enquanto isso, esta imagem foi penetrando profundamente na consciência comum da cristandade. Semelhante situação é dramática para a fé, porque torna incerto seu autêntico ponto de referência: a amizade íntima com Jesus, de quem tudo depende, debate-se e corre o risco de cair no vazio. [...]

Senti a necessidade de dar aos leitores estas indicações de carácter metodológico para que determinem o caminho de minha interpretação da figura de Jesus no Novo Testamento. Pelo que se refere à minha apresentação de Jesus, isto significa antes de tudo que eu tenho confiança nos Evangelhos. Naturalmente, dou por descontado quanto o Concílio e a moderna exegese dizem sobre os géneros literários, sobre a intencionalidade de suas afirmações, sobre o contexto comunitário dos Evangelhos e suas palavras neste contexto vivo. Aceitando tudo isto na medida em que me era possível, quis tentar apresentar o Jesus dos Evangelhos como o verdadeiro Jesus, como o «Jesus histórico» no verdadeiro sentido da expressão.

Estou certo de que -- e espero que o leitor possa perceber também -- esta figura é muito mais lógica e, do ponto de vista histórico, também mais compreensível que as reconstruções que pudemos encontrar nas últimas décadas.

Eu creio que precisamente este Jesus -- o dos Evangelhos -- é uma figura historicamente sensata e convincente. Só se aconteceu algo extraordinário, só se a figura e as palavras de Jesus superavam radicalmente todas as esperanças e as expectativas da época, só assim se explica a Crucifixão e sua eficácia.

Aproximadamente vinte anos depois da morte de Jesus, encontramos já plenamente desdobrada no grande hino a Cristo que é a Carta aos Filipenses (2, 6-8) uma cristologia, na qual se diz de Jesus que era igual a Deus mas que se desnudou a si mesmo, se fez homem, se humilhou até a morte na cruz e que a ele incumbe a homenagem da criação, a adoração que no profeta Isaías (45, 23) Deus proclamou que só a Ele se devia.

A investigação crítica faz com bom critério a pergunta: o que aconteceu nestes vinte anos desde a Crucifixão de Jesus? Como se chegou a esta Cristologia?

A acção de formações comunitárias anónimas, de quem se tenta encontrar expoentes, na realidade não explica nada. Como é possível que grupos de desconhecidos pudessem ser tão criativos, ser tão convincentes até chegar a imporem-se deste modo? Não é mais lógico, também do ponto de vista histórico, que a grandeza se encontre na origem e que a figura de Jesus rompesse todas as categorias disponíveis e assim poder ser compreendida só a partir do mistério de Deus?

Naturalmente, crer que ainda sendo homem Ele «fosse» Deus e dar a conhecer isto envolvendo-o em parábolas e ainda de um modo cada vez mais claro, vai muito além das possibilidades do método histórico. Ao contrário, se a partir desta convicção de fé se lêem os textos com o método histórico e a abertura se torna maior, estes abrem-se para mostrar um caminho e uma figura que são dignos de fé. Declara-se, então, também a luta em noutros âmbitos presentes nos escritos do Novo Testamento em torno da figura de Jesus e, apesar de todas as diversidades, chega-se ao profundo acordo com estes escritos.

Está claro que com esta visão da figura de Jesus vou muito além do que o que diz, por exemplo, Schnackenburg em representação de uma boa parte da exegese contemporânea. Espero, pelo contrário, que o leitor compreenda que este livro não foi escrito contra a exegese moderna, mas com grande reconhecimento pelo muito que ela continua a contribuir.

Fez-nos conhecer uma grande quantidade de fontes e de concepções através das quais a figura de Jesus pode fazer-se presente com uma vivacidade e uma profundidade que há poucas décadas não podíamos nem sequer imaginar. Eu tentei ir além da mera interpretação histórico-crítica, aplicando novos critérios metodológicos, que nos permitem uma interpretação propriamente teológica da Bíblia e que naturalmente requerem fé, sem que por isso eu queira renunciar à seriedade histórica. Creio que não é necessário dizer expressamente que este livro não é em absoluto um acto magisterial, mas a expressão de minha busca pessoal do «rosto do Senhor» (salmo 27, 8). Portanto, cada um tem liberdade para me contradizer. Só peço às leitoras e aos leitores uma antecipação de simpatia, sem a qual não existe compreensão possível.

Como já disse no começo deste prefácio, o caminho interior até este livro foi longo. Pude começar a trabalhar nele durante as férias de 2003. Em Agosto de 2004, tomaram forma os capítulos 1 a 4. Após minha eleição à sede apostólica de Roma, utilizei todos os momentos livres que tive para levá-lo adiante. Dado que não sei quanto tempo e quantas forças me serão concedidas ainda, decidi publicar agora como primeira parte do livro os primeiros dez capítulos que vão desde o baptismo no Jordão até a confissão de Pedro e à Transfiguração."

(http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=44905&seccaoid=8&tipoid=217)




Domingo II da Páscoa ou "Domingo da Divina Misericórdia"

15.04.07 | ssacramento
"É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de "Domingo da Divina Misericórdia". Nas diversas leituras, a liturgia parece traçar o caminho da misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus, suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna. Cristo ensinou-nos que "o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a "ter misericórdia" para com os demais. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7)" (Dives in misericordia, 14). Depois, Ele indicou-nos as múltiplas vias da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas vai também ao encontro de todas as necessidades dos homens. Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual.

A sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do gesto das suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã Faustina que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracóvia, fez da sua existência um cântico à misericórdia:  Misericordias Domini in aeternum cantabo.

A canonização da Irmã Faustina tem uma eloquência particular:  mediante este acto quero hoje transmitir esta mensagem ao novo milénio. Transmito-a a todos os homens para que aprendam a  conhecer  sempre  melhor  o  verdadeiro rosto de Deus e o genuíno rosto dos irmãos."

(http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/documents/hf_jp-ii_hom_20000430_faustina_po.html)


Estas foram as palavras do Papa João Paulo II, em 30/04/2000, proclamando o II Domingo da Páscoa como  "Domingo da Divina Misericórdia", aquando da canonização da Irmã Maria Faustina Kowalska (1905-1938).

E quem foi a Irmã Maria Faustina? A sua biografia pode ser consultada em http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20000430_faustina_po.html

Em 30/11/1980 e ainda sobre a Misericórdia Divina, o Papa João Paulo II apresentou a Encíclica "Dives in Misericordia", que pode ser consultada na íntegra em
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30111980_dives-in-misericordia_po.html

É nesta continuidade que nos vai aparecer a primeira encíclica do Papa Bento XVI "Deus é Amor" (Deus Caritas Est), "anunciando ao homem de hoje o amor misericordioso de Deus" (Folha Pão e Vida, nº 407). A referida Encíclica pode também ser consultada em http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deus-caritas-est_po.html

Finalmente, sobre as leituras de hoje, destaco também as palavras do Papa João Paulo II, em 22/04/2001, ao celebrar o  "Domingo da Divina Misericórdia":
 

"Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último. O que vive; conheci a morte, mas eis-Me aqui vivo pelos séculos dos séculos" (Ap 1, 17-18).

Ouvimos na segunda leitura, tirada do livro do Apocalipse, estas palavras confortadoras. Elas convidam-nos a dirigir o olhar para Cristo, para experimentar a sua presença tranquilizadora. A cada um, seja qual for a condição em que se encontre, até à mais complexa e dramática, o Ressuscitado responde:  "Não temas!"; morri na cruz, mas agora "vivo pelos séculos dos séculos"; "Eu sou o Primeiro e o Último. O que vive".

"O Primeiro", isto é, a fonte de cada ser e a primícia da nova criação:  "O Último", o fim definitivo da história; "O que vive", a fonte inexaurível da Vida que derrotou a morte para sempre. No Messias crucificado e ressuscitado reconhecemos os traços do Anjo imolado no Gólgota, que implora o perdão para os seus  algozes  e  abre  para  os  pecadores penitentes as portas do céu; entrevemos  o  rosto  do  Rei  imortal  que  já tem "as chaves da Morte e do Inferno" (Ap 1, 18).


2. "Louvai o Senhor porque Ele é bom,  porque  é  eterno  o  Seu  amor" (Sl 117, 1). Façamos nossa a exclamação do Salmista, que cantamos no Salmo responsorial:  porque é eterno o amor do Senhor! Para compreendermos profundamente a verdade destas palavras, deixemo-nos conduzir pela liturgia ao centro do acontecimento da salvação, que une a morte e a ressurreição de Cristo à nossa existência e à história do mundo. Este prodígio de misericórdia mudou radicalmente o destino da humanidade. É um prodígio em que se abre em plenitude o amor do Pai que, pela nossa redenção, não se poupa nem sequer perante o sacrifício do seu Filho unigénito.

Em Cristo humilhado e sofredor, crentes e não-crentes podem admirar uma solidariedade surpreendente, que o une à nossa condição humana para além de qualquer medida imaginável. Também depois da ressurreição do Filho de Deus, a Cruz "fala e não cessa de falar de Deus Pai, que é absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem... Crer neste amor significa acreditar  na  misericórdia"  (Dives  in  misericordia, 7).

Desejamos dar graças ao Senhor pelo seu amor, que é mais forte do que a morte e do que o pecado. Ele revela-se e torna-se actuante como misericórdia na nossa existência quotidiana e convida todos os homens a serem, por sua vez, "misericordiosos" como o Crucificado. Não é porventura amar a Deus e amar o próximo e até os "inimigos", seguindo o exemplo de Jesus, o programa de vida de cada baptizado e de toda a Igreja?

3. Com estes sentimentos, celebramos o segundo Domingo de Páscoa, que desde o ano passado [2000], ano do Grande Jubileu, também é chamado "Domingo da Divina Misericórdia". É para mim uma grande alegria poder unir-me a todos vós, (...) para comemorar, à distância de um ano, a canonização da Irmã Faustina Kowalska, testemunha e mensageira do amor misericordioso do Senhor. A elevação às honras dos altares desta humilde Religiosa, filha da minha Terra, não significa um dom só para a Polónia, mas para a humanidade inteira. De facto, a mensagem da qual ela foi portadora constitui a resposta adequada e incisiva que Deus quis oferecer às interrogações e às expectativas dos homens deste nosso tempo, marcado por grandes tragédias. Jesus, um dia disse à Irmã Faustina:  "A humanidade  não  encontrará  paz,  enquanto não tiver confiança na misericórdia divina" (Diário, pág. 132). A Misericórdia divina! Eis o dom pascal que a Igreja recebe de Cristo ressuscitado e oferece à humanidade no alvorecer do terceiro milénio.

4. O Evangelho, que há pouco foi proclamado, ajuda-nos a compreender plenamente o sentido e o valor deste dom. O evangelista João faz-nos partilhar a emoção sentida pelos Apóstolos no encontro com Cristo depois da sua ressurreição. A nossa atenção detém-se no gesto do Mestre, que transmite aos discípulos receosos e admirados a missão de serem ministros da Misericórdia divina. Ele mostra as mãos e o lado com os sinais da paixão e comunica-lhes:  "Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós" (Jo 20, 21). Imediatamente a seguir, "soprou sobre eles e disse-lhes:  recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoardos, àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 22-23). Jesus confia-lhes o dom de "perdoar os pecados", dom que brota das feridas das suas mãos, dos seus pés e sobretudo do seu lado trespassado. Dali sai uma vaga de misericórdia para toda a humanidade.

Revivemos este momento com grande intensidade espiritual. Também hoje o Senhor nos mostra as suas chagas gloriosas e o seu coração, fonte ininterrupta de luz e de verdade, de amor e de perdão.

5. O Coração de Cristo! O seu "Sagrado Coração" deu tudo aos homens:  a redenção, a salvação, a santificação. Deste Coração superabundante de ternura Santa Faustina Kowalska viu sair dois raios de luz que iluminavam o mundo. "Os dois raios, segundo o que o próprio Jesus lhe disse, representam o sangue e a água" (Diário, pág. 132). O sangue recorda o sacrifício do Gólgota e o mistério da Eucaristia; a água, segundo o rico simbolismo do evangelista João, faz pensar no baptismo e no dom do Espírito Santo (cf. Jo 3, 5; 4, 14).

Através do mistério deste coração ferido, não cessa de se difundir também sobre  os  homens  e  as  mulheres  da nossa época o fluxo reparador do amor misericordioso de Deus. Quem aspira à felicidade  autêntica  e  duradoura,  unicamente  nele  pode  encontrar  o  seu segredo.

6. "Jesus, confio em Ti". Esta oração, querida  a  tantos  devotos,  exprime muito bem a atitude com que também nós desejamos abandonar-nos confiantes nas tuas mãos, ó Senhor, nosso único Salvador.

Arde em Ti o desejo de seres amado, e quem se sintoniza com os sentimentos do teu coração aprende a ser construtor da nova civilização do amor. Um simples acto de abandono é o que basta para superar as barreiras da escuridão e da tristeza, da dúvida e do desespero. Os raios da tua divina misericórdia dão nova esperança, de maneira especial, a quem se sente esmagado pelo peso do pecado.

Maria, Mãe da Misericórdia, faz com que conservemos sempre viva esta confiança no teu Filho, nosso Redentor. Ajuda-nos também tu, Santa Faustina, que hoje recordamos com particular afecto. Juntamente contigo queremos repetir, fixando o nosso olhar frágil no rosto do divino Salvador:  "Jesus, confio em Ti". Hoje e sempre. Amen."


http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/2001/documents/hf_jp-ii_hom_20010422_divina-misericordia_po.html

Madalena, uma testemunha da Páscoa

14.04.07 | ssacramento
"Maria Madalena nasce no século i, em Magdala, uma cidade comercial e próspera, na Galileia, Norte de Israel.
Conhece Jesus, chamado Cristo, numa das visitas que Ele faz à sua terra e fala na sinagoga, o lugar de oração dos judeus. Decide tornar-se sua discípula e é uma das mulheres que acompanham o Senhor e que o apoiam.
Madalena segue Jesus talvez por gratidão. Lucas, o autor do terceiro Evangelho, escreve que este tirou dela sete demónios. É possível que se refira à libertação do demónio ou à cura de alguma doença psicológica ou física. A ideia de que é prostituta, ou apanhada em adultério, ou que chorou aos pés de Jesus é falsa. As protagonistas desses episódios são outras Marias.
Madalena – que significa de Magdala – segue o «Mestre» e não tem medo das consequências: deixar a terra, a segurança, vaguear de terra em terra, sem confortos e às vezes com fome, sofrer perseguições e correr perigo de morte.
Maria Madalena acompanha Jesus até ao Calvário. Está ali ao lado de Maria, a mãe d’Ele, de uma prima de Maria, e do apóstolo João.
Durante o enterro de Jesus, tem o cuidado de ver em que túmulo o põem. Ao voltar ao sepulcro na manhã do domingo seguinte – a Páscoa – Jesus ressuscitado aparece-lhe e faz dela a primeira testemunha da ressurreição.
Deve ter mantido uma relação especial de amizade com Jesus. Além de ele lhe aparecer primeiro depois da morte, reconhece o Ressuscitado pelo tom como este pronuncia o seu nome.
Segundo algumas lendas, Madalena teve uma filha de Jesus e instalaram-se em França. Outras defendem que fundou nesse país a Ordem dos Templários. Todavia nenhum documento cristão ou fonte histórica credível refere tais hipóteses. É coisa de romances.
Outra tradição, da Igreja católica Grega, fá-la viajar para Éfeso, na Ásia Menor, com Nossa Senhora, Lázaro e Marta, onde falece."


Artigo da Revista Audácia,  http://www.audacia.org/cgi-bin/quickregister/scripts/redirect.cgi?redirect=EEuFlEuyVpvGBshGZG


(Imagens retiradas de http://www.santamariamaddalena.net/questione3marie/santimad11.jpg e http://www.teruz.com/images/paintings_luciana/maria_de_magdala.jpg)

"O símbolo do óleo"

13.04.07 | ssacramento
O povo da Bíblia vivia num espaço onde era abundante a cultura das oliveiras e daí dar muita importância ao azeite. Deste modo, o óleo, que era tirado da azeitona das oliveiras, foi enriquecido com um profundo simbolismo, sendo actualmente utilizado em 4 sacramentos: unção baptismal, unção dos doentes, unção do crisma e unção sacerdotal, para além de surgir ainda na consagração dos altares da Eucaristia.
A Bíblia refere a unção de vários tipos de pessoas: reis, sacerdotes e profetas. Então, que sentido tem a unção com azeite ou óleo? Qual o significado simbólico do óleo?
Convém salientar que o sentido da unção com óleo ou azeite foi muito variado.
Antes de mais, o óleo está ligado à prosperidade, fertilidade (Dt. 33,24) e felicidade, pois o povo hebreu quando seguia do deserto em direcção às terras férteis e cultivadas encontrava a azeitona para alimento e o azeite para a comida e curar as feridas. Por outro lado, a unção da cabeça ou outra parte do corpo com óleo estava ligada à higiene ou beleza, sendo chamado o óleo da alegria (Sl 45,8) e omitido em momentos de jejum e luto (Mt. 6,17). Além disso, indicava ainda o respeito ou tratamento aos pés do hóspede, talvez visível na unção dos pés de Jesus pela pecadora (Lc 7,36-50). Esse respeito pela pessoa está também ligado à unção do defunto (Gn 50,2) e talvez tenha sido esse o sentido da unção do corpo de Jesus pelas mulheres no sábado de Páscoa (Jo. 19,39-40).
Para curar feridas e aliviar as dores utilizava-se frequentemente a unção com óleo e os médicos de então usavam unguentos feitos a partir de azeite que, ao infiltrar-se na ferida, produzia uma sensação de bem-estar (Sl 109,18), sendo isso que fez o bom samaritano (Lc 10,34). Neste contexto, o óleo é símbolo da cura espiritual que Jesus opera interiormente, pela fé, no coração dos que acreditam na sua palavra.
Jesus também usou outros símbolos sacramentais, como a saliva, o sopro, a imposição das mãos, para referir a cura e a transformação interior da pessoa.
O povo de Israel, tal como outros povos antigos, apresentava a Deus, em oferta, animais e frutos da terra, incluindo o azeite (Lv 2,4-10), que ardia diante do santuário como oferta permanente ao Senhor. Será esta a origem do costume de acender uma lâmpada com azeite diante do Santíssimo? O azeite que alimenta as lâmpadas também é símbolo do Espírito Santo que ilumina o coração dos crentes.
No fabrico dos perfumes também entrava o azeite. A massagem ou unção com óleo do corpo dos guerreiros, atletas e dos que tinham trabalhos pesados era uma tradição muito antiga e, muitas vezes, era imbuído de essências perfumadas que penetravam na pele e davam ao organismo novo vigor e agilidade. O homem como que começava uma vida nova. Desta unção profana passou-se para a unção de tipo religioso. A unção com óleo coloca o ungido num estatuto superior, na esfera do divino.
A unção real de David foi extensiva a toda a sua dinastia. Logo, os seus descendentes eram ungidos e considerados representantes de Deus no meio do Povo. O termo "ungido", em hebraico, significa messias e em grego cristo, o que quer dizer que, Ungido, Messias e Cristo são exactamente a mesma coisa.
Para as primeiras comunidades cristãs, Jesus é o Cristo, ou seja, aquele que o Senhor ungiu para sempre, o Messias e é isso que afirmam os discípulos: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!" (Mt 16,16).
No momento da saída das águas, por ocasião do seu baptismo, Jesus é ungido pelo Espírito Santo que vem do céu (Mt. 3, 13-17), significando que terminou o tempo da unção com óleo e começou a nova era da unção do Espírito. Jesus, na sinagoga de Nazaré, apresenta-se como o Ungido, o rei-sacerdote que vem propor uma amnistia universal.
Também o cristão é o "ungido" do Espírito. No baptismo fazem-se duas unções com óleo, no peito e na fronte, que são símbolo dessa unção do Espírito que Jesus no seu baptismo de água nos indicou e com o baptismo no seu sangue nos mereceu e legou. Se o óleo penetrava através da pele para transmitir ao corpo novo vigor e nova vida, com o Baptismo do Espírito Santo essa vida nova e essa força penetram até ao íntimo do coração daquele que se deixou converter pela Palavra de Jesus.
Se cristão vem de Cristo (= Ungido), nesse caso o cristão é um ungido com o Espírito de Jesus.
O Espírito do Pentecostes, que Jesus ressucitado enviou, é a maior prova de que a Igreja é a comunidade dos ungidos pelo novo óleo (o Espírito Santo) que faz de todos nós um povo de sacerdotes, profetas e reis (1Pe 2,9).

(Adaptado do artigo de frei Herculano Alves, in Revista Bíblica, nº 246)

A Páscoa, um dia prolongado

12.04.07 | ssacramento
"A celebração da Páscoa prolonga-se no tempo pascal. Os cinquenta dias que se seguem ao Domingo da Ressurreição até ao Domingo de Pentecostes, celebram-se na alegria como um único dia de festa, mais ainda, como o «grande Domingo» (...).
Os Domingos deste tempo são considerados como «Domingos de Páscoa» e têm precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer solenidade. As solenidades que ocorram nestes Domingos devem transferir-se para a Segunda-Feira seguinte. (...)
Durante o Tempo pascal, os pastores instruam os fiéis já iniciados no Sacramento da Eucaristia sobre o significado do preceito da Igreja de receber neste tempo a sagrada comunhão. Muito se recomenda que, especialmente durante a oitava de Páscoa, se leve a comunhão aos enfermos. (...)
Durante este tempo (...) pode ter lugar a bênção anual das famílias, o exercício piedoso da “Via lucis” (recordando as aparições do Ressuscitado), a devoção à Misericórdia divina (2º Domingo Pascal), a novena do Pentecostes e a Vigília de oração do Pentecostes.
Este sagrado tempo de cinquenta dias conclui-se com o Domingo de Pentecostes em que se comemora o dom do Espírito Santo derramado sobre os Apóstolos, os primórdios da Igreja e o início da sua missão a «todas as línguas, povos e nações».
«É próprio da festa pascal que toda a Igreja se alegre pelo perdão dos pecados, concedido não só àqueles que renasceram por meio do santo Baptismo, mas também àqueles que já são contados há mais tempo no número dos filhos adoptivos de Deus».
Mediante uma actividade pastoral mais diligente e um maior empenho espiritual por parte de todos e de cada um, com a graça de Deus, será possível a quantos tiverem participado nas festas pascais testemunharem na vida o mistério da Páscoa celebrado na fé."


(Semanário Voz Portucalense, de 04/04/2007)

Uma proposta para os seminaristas, padres e leigos...

11.04.07 | ssacramento
"Como preparar a homilia dominical? O meu conselho é começar logo na segunda-feira, porque no sábado já é tarde demais, a preparação acaba por ser apressada e corre-se o risco de não ter inspiração, preocupados que estamos com muitas coisas. Por isso, eu diria: já na segunda-feira ler simplesmente as leituras do domingo seguinte, que podem à primeira vista porventura parecer inacessíveis, um pouco como as pedras de Massá e Meribá, quando Moisés disse “Como é que pode jorrar água destas pedras?”
Depois, deixamos ficar as leituras, dando tempo a que o coração as saboreie. As palavras vão trabalhar no subconsciente e voltam de vez em quando ao espírito, ao longo dos dias. É claro que também será preciso consultar livros, na medida do possível. Com este trabalho interior, dia após dia, começa a amadurecer uma resposta. Aquela palavra abre-se aos poucos, torna-se palavra para mim. E, como sou contemporâneo dos homens do nosso tempo, torna-se palavra também para os outros. Posso então começar a traduzir na linguagem dos outros aquilo que vejo porventura na minha linguagem teológica. Em todo o caso, o pensamento fundamental permanece o mesmo, para os outros e para mim”.
Esta proposta de Bento XVI aos seminaristas, pensada para os padres que preparam a homilia dominical, vale também para os leigos, na sua relação com a palavra de Deus, na vivência litúrgica, assegurando que “o meu próprio coração seja tocado pela Palavra de Deus”.


(Artigo escrito pelo padre Pacheco Gonçalves, no Semanário "Voz Portucalense" de 28/03/2007)