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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

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Há cegos e cegos

01.03.08 | ssacramento
No Evangelho deste domingo confrontam-se três tipos de pessoas: os fariseus e o cego (as pessoas que militam por uma causa), e os pais do cego, que se afastam da cena com medo de represálias (os que não ousam tomar partido pela luz de Cristo). Também se opõem duas classes de cegos - um cego de nascença e os fariseus cegos -, concluindo-se que estes últimos são os maiores cegos. Jesus apenas intervém no início, ao curar o cego, e no fim, quando o ajuda a aceitá-Lo com a fé de discípulo.

Tal como Deus em Gn 2,7, com saliva e um pouco de barro, Jesus dá ao cego uns olhos novos. Porém, o que Ele pretende é dar-lhe um novo olhar interior, o olhar da fé. Depois envia-o à piscina de Siloé, qual Messias que nos dá uma nova vida pelo Baptismo. Os olhos do cego tinham sido curados, mas este ainda não tinha visto Jesus. Está num processo catequético de conhecimento do Mestre, sem o ver plenamente.

O processo de cura do cego é o mesmo que é apontado aos cristãos para se tornarem discípulos de Jesus:

  1. No início é cego e não sabe quem é Jesus;
  2. Ouve falar em Jesus;
  3. Quer ser curado da sua cegueira;
  4. Confronta-se com muitos tipos de oposição que o tentam desviar de Cristo;
  5. Conhece teoricamente quem é Jesus;
  6. Confessa que Ele é o Filho de Deus e adora-O como seu Deus.
Como fundo deste Evangelho está o duro debate existente no início do Cristianismo entre fariseus e cristãos. Esta oposição resume-se em que os fariseus eram adeptos da lei e do direito; os cristãos reconheciam a fidelidade a Jesus pelos factos, pois de cegos que eram passaram a ver. Logo, é necessário ultrapassar os critérios jurídicos para descobrir em Jesus aquele que nos traz a luz de Deus mediante a sua Palavra.


(Revista Bíblica, Janeiro/Fevereiro 2008)

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