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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

A simbologia dos números 7, 10 e 12 na Bíblia

10.06.08 | ssacramento

Continuando este percurso pela simbologia dos números na Bíblia, verifica-se que o 7 tem o simbolismo mais conhecido de todos. Representa a perfeição e, por isso, Jesus dirá a Pedro que há-de perdoar ao seu irmão até 70 vezes 7. Mas também pode exprimir a perfeição do mal, ou o sumo mal, como quando Jesus ensina que, se um espírito imundo sai de um homem, pode regressar com outros 7 espíritos piores, ou quando o Evangelho conta que o Senhor expulsou 7 demónios de Madalena.

 

Pelo seu sentido de perfeição, este algarismo aparece frequentemente referido às coisas de Deus, sendo o Apocalipse o que mais o utiliza: 54 vezes para descrever simbolicamente as realidades divinas (as 7 Igrejas da Ásia, os 7 espíritos do trono de Deus, as 7 trombetas, os 7 candelabros, os 7 chifres e 7 olhos do Cordeiro, os 7 tronos, as 7 pragas, as 7 taças que são despejadas). A tradição cristã deu continuidade a este simbolismo do 7, fixando em 7 os sacramentos, os dons do Espírito Santos, as virtudes.

 

Pelo seu lado, o número 10 tem um valor mnemónico; como são 10 os dedos das mãos, é fácil memorizá-lo. Assim, são 10 os mandamentos que Yahveh deu a Moisés; 10 são as pragas que afligiram o Egipto; consideram-se 10 os antepassados entre Adão e Noé e 10 entre Noé e Abraão, quando sabemos que foram muitos mais.

 

Outro número simbólico é o 12, significando eleição. Deste modo, falar-se-á das 12 tribos de Israel, quando, na realidade, o Antigo Testamento menciona mais de 12, mas com isso quer dizer-se que eram as tribos eleitas. Também são 12 os profetas menores do Antigo Testamento; os 12 apóstolos de Jesus; as 12 legiões de anjos que Jesus tem à Sua disposição (Mt 26,53). Note-se ainda que o Apocalipse tem várias referências a este número.

 

 

(VALDÉS, Ariel Álvarez - Que sabemos da Bíblia? - III. Apelação: Paulus, 1998)

O simbolismo dos números 3, 4 e 5 na Bíblia

09.06.08 | ssacramento

Há números que na Bíblia são simbólicos. No entanto, esta afirmação também não significa que todos os números são simbólicos e, por isso, para cada caso, temos que perguntar: esta quantia indica quantidade ou encerra uma mensagem? Assim, por exemplo, quando se diz que 4 pessoas levaram a Jesus um paralítico numa maca, é evidente que o número 4 não é simbólico, mas real: a maca tem 4 varais e era a maneira mais prática de a levar. E quando lemos que Paulo embarcou na cidade de Filipos e, passados 5 dias chegou a Tróade, não se há-de pensar em nenhum simbolismo, pois era o tempo que, nessa altura, demorava uma viagem entre as duas cidades.

 

Contudo, alguns números encerram um simbolismo. Para além do 1 e 2, já anteriormente mencionados, o número 3 exprime totalidade, talvez por serem 3 as dimensões do tempo (passado, presente e futuro). Assim, os 3 filhos de Noé (Gn 6,10) representam a totalidade dos seus descendentes; as 3 vezes que Pedro negou a Jesus (Mt 26,34) simbolizam todas as vezes que Pedro lhe foi infiel; as 3 tentações com que Jesus foi tentado pelo Diabo, representam todas as tentações que teve durante a vida; e, no Antigo Testamento, chama-se a Deus 3 vezes Santo, ou seja, Aquele que tem toda a santidade (Is 6,3).

 

Quanto ao número 4, na Bíblia simboliza o cosmos, o mundo, pois são 4 os pontos cardiais. Quando se diz que no Paraíso havia 4 rios (Gn 4,10), significa que todo o cosmos era um Paraíso antes do pecado de Adão e Eva, ou seja, não se trata de nenhum sítio determinado; quando Ezequiel chama o Espírito dos 4 ventos para que sopre sobre os ossos secos (Ez 37,9), não é que haja 4 ventos, mas que ele invoca os ventos de todo o mundo; quando o Apocalipse conta que no meio e em redor do trono de Deus estão 4 seres (4,6), quer dizer que está assente sobre todo o mundo, que a terra inteira é o trono de Deus.

 

Por outro lado, o 5 significa alguns, uns quantos, uma quantidade indefinida. Diz-se que na multiplicação dos pães Jesus tomou 5 pães (= alguns pães); que a samaritana do poço de Jacob tinha 5 maridos (vários maridos). Jesus utiliza frequentemente o 5, nas parábolas, neste sentido indefinido: as 5 virgens prudentes e as 5 néscias, os 5 talentos, as 5 juntas de bois que compraram os convidados para o banquete, os 5 irmãos que o rico Epulão tinha. Também Paulo, falando do dom das línguas, diz preferir dizer 5 palavras (= algumas palavras) compreensíveis, do que 10.000 em línguas (1Cor14,19).

 

(VALDÉS, Ariel Álvarez - Que sabemos da Bíblia? - III. Apelação: Paulus, 1998)

 

Significado dos números 1 e 2 na Bíblia

08.06.08 | ssacramento

Para além do sentido de quantidade que o número tem na Bíblia, ele apresenta um segundo significado: o simbolismo. Um número simbólico é aquele que não indica uma quantidade, mas exprime uma ideia, uma mensagem diferente dele, que o supera ou extravasa. Nem sempre é possível conhecer o porquê de um número significar determinada coisa. Para nós, ocidentais, prisioneiros da lógica, é por vezes difícil compreender a associação, mas os semitas utilizavam-nos com toda a naturalidade para transmitir ideias, mensagens ou chaves.

 

A Bíblia não explica o que cada número simboliza, porém os estudiosos conseguiram averiguar alguns dos seus simbolismos. Deste modo, o número "1" simboliza Deus, que é único. Indica exclusividade, primado, excelência. É o que acontece quando Jesus responde ao jovem rico: "Porque me interrogas sobre o que é bom? Bom é um só" (Mt 19,17); ou quando diz "Há um só Senhor, uma só fé, um só baptismo, um só Deus". Assim, o um simboliza o divino.

 

Pelo contrário, o 2 representa o homem, pois nele há sempre dualidade, divisão interior por causa do pecado. Segundo Marcos, Jesus curou um só possesso em Gerasa (Mc 5,2), mas segundo Mateus eram 2 (Mt 8,28). Segundo Marcos, curou só um cego em Jericó, chamado Bartimeu (10,46), mas segundo Mateus os cegos eram 2 (20,30). Segundo Marcos, no julgamento de Jesus, apresentaram-se algumas falsas testemunhas (14,57), mas Mateus esclarece que foram 2 (26,60). Qual deles diz a verdade? Ambos, pois Marcos transmite-nos a versão histórica e Mateus usa o número simbólico.

 

(VALDÉS, Ariel Álvarez - Que sabemos da Bíblia? - III. Apelação: Paulus, 1998;

Imagem em http://blog.cancaonova.com/marinaadamo/files/2007/10/biblia.jpg)

Que significado têm os números na Bíblia? (1)

07.06.08 | ssacramento

Actualmente, o significado dos números é muito diferente daquele que os antigos orientais lhes davam. Regra geral, nós usamos os algarismos para indicar a quantidade de alguma coisa, mas para a mentalidade bíblica os números podiam exprimir três realidades diferentes.

 

Um primeiro sentido que o número tem na Bíblia é o de quantidade, assemelhando-se à utilização que dele fazemos diariamente. Assim, quando se refere que o profeta Elias predisse uma seca de 3 anos em Israel (1Re 18,1) ou que o rei Josias governou 31 anos em Jerusalém (2Re 22,1) ou que Salomão tinha 12 governadores encarregados de prover o palácio durante um mês cada um (1Re 4,7), ou que Betânia, a aldeia onde Jesus ressuscitou Lázaro, ficava a 15 estádios (= 3 km) de Jerusalém, o que está em causa é a quantidade. Nenhum destes números é simbólico, nem encerra qualquer mensagem oculta. Indicam apenas o número de anos, pessoas ou distância que o texto refere.

 

 

(VALDÉS, Ariel Álvarez - Que sabemos da Bíblia? - III. Apelação: Paulus, 1998; Imagem em http://www.pianomundo.com.ar/images/numeros-telefonos.jpg)

Estátua de Galileu Galilei

06.06.08 | ssacramento

"O astrónomo italiano Galileu, perseguido pela Inquisição por afirmar que a Terra girava em torno do Sol, vai ter direito a uma estátua, em 2009, nos jardins do Vaticano.

 

Galileu Galilei (1564-1642) nasceu em Pisa e começou a observar a Lua e as estrelas e, gradualmente, confirmou que a Terra girava em torno do sol. Em 1992, depois de um inquérito de 13 anos, o Papa João Paulo II deu por encerrado o caso Galileu" (Revista Síntese, Maio/Junho 2008), pedindo desculpas oficiais pelo erro da Igreja.

 

A Organização das Nações Unidas proclamou 2009 como sendo o Ano Internacional da Astronomia. Esta efeméride pretende comemorar as primeiras observações astronómicas feitas por Galileu, usando um telescópio e que desencadeou uma revolução científica transformadora da nossa visão do Universo. Trata-se de uma iniciativa a nível mundial com fins pacíficos, procurando-se a origem cósmica do universo.

O patrono dos ecologistas

05.06.08 | ssacramento

No Dia Mundial do Ambiente deixamos uma breve referência a Francisco de Assis. Na verdade, em 1979, o Papa João Paulo II proclamou São Francisco de Assis como o "Santo Patrono dos Ecologistas".  Francisco deixou-nos o exemplo e desafio de amar, contemplar e respeitar a Natureza como o grande presente de Deus aos homens e tomarmos consciência de que todos somos herdeiros, guardas e protectores daquilo que Ele nos deu. Assim, estaremos a perpetuar a memória criadora do nosso Deus ao longo dos tempos e a permitir que Deus continue a criar e recriar este belo jardim que deve ser a Terra. Com S. Francisco de Assis, queremos hoje exaltar a beleza da criação e das suas criaturas:

 

"(...) Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas,

especialmente o senhor irmão Sol,

que clareia o dia e que, com a sua luz,

nos ilumina. Ele é belo e radiante,

com grande esplendor;

de Ti, Altíssimo é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Lua e pelas estrelas,

que no céu formaste,

claras, preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão vento, pelo ar e pelas nuvens,

pelo sereno e por todo o tempo em que dás sustento às Tuas criaturas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã água,

útil e humilde, preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão fogo,

com o qual iluminas a noite.

Ele é belo e alegre, vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela nossa irmã, a mãe terra,

que nos sustenta e governa,

produz frutos diversos, flores e ervas (...)."

 

 

(Adaptado de Revista Audácia, Abril/2008; artigo de Abel Dias)

 

Ética do saber cuidar

04.06.08 | ssacramento

Amanhã comemora-se o Dia Mundial do Ambiente, uma data que serve para promover uma consciência ambiental, de alerta para os problemas que afectam o nosso planeta, contribuindo para se pensar em medidas e comportamentos que permitam melhorar o ambiente.

 

Mais uma vez socorremo-nos da Revista Audácia, de Abril/2008, dedicada às questões de ecologia, salientando um artigo do professor Abel Dias, intitulado "Respeito pela Criação". Aqui se refere que o Homem passou de jardineiro a exterminador. Estudos científicos apontam para uma extinção anual de 10.000 espécies! Mas outros casos são de todos nós conhecidos e remetem-nos para esta destruição a nível planetário: a desflorestação devido à rápida urbanização, à intensificação agro-industrial e a incêndios provocados por acção humana; grandes mudanças climáticas; poluição industrial assustadora sobretudo na China e Índia; erosão do solo e desertificação.

 

Como referiu o Papa Bento XVI, "não podemos fazer o que desejamos com esta nossa Terra, com o que nos foi confiado por Deus... Precisamos de respeitar as leis internas da criação. Precisamos de as aprender e de as obedecer se desejamos sobreviver". É urgente desenvolvermos uma ética ou comportamento do saber cuidar, pois a Terra não é algo de desconhecido, mas a nossa casa comum.

Novas formas de pecado social

03.06.08 | ssacramento

Numa entrevista ao jornal do Vaticano L'Osservatore Romano, o bispo D. Gianfranco Girotti reflectiu sobre a noção de pecado (A entrevista, na íntegra, pode ser consultada na Agência Ecclesia).

 

Sabendo que o pecado é sempre a violação da aliança com Deus e com os irmãos, ele traz reflexos sociais. No passado, o pecado tinha uma dimensão essencialmente individualista, mas no presente, devido ao fenómendo da globalização, ele apresenta-se com uma ressonância social. Deste modo, os reflexos do pecado são cada vez mais amplos e destrutivos.

 

O referido bispo salientou que, segundo a sua visão, há muitas áreas onde existem atitudes pecaminosas a respeito dos direitos individuais e sociais. É o caso da bioética, onde tem havido violação dos direitos fundamentais da natureza humana, através de experiências, manipulações genéticas, sendo o seu êxito difícil de vilumbrar e ter debaixo de controlo. Outras áreas sociais são as que respeitam à droga, que enfraquece o espírito e a inteligência, e às desigualdades sociais e económicas, em que os mais pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos mais ricos, criando-se graves injustiças sociais. A área da ecologia apresenta também uma importância fulcral.

 

Já em 2003, a Conferência Episcopal identificava algumas atitudes e comportamentos (os "pecados sociais") que exigem uma conversão à solidariedade responsável na construção do bem comum. Reflectir sobre as novas formas do pecado social conduz-nos o pensamento até aspectos do nosso dia-a-dia como o consumismo, a corrupção, a desarmonia do sistema fiscal e incumprimento das justas obrigações contributivas, a irresponsabilidade na estrada (atentados ao direito à vida), a exclusão social gerada pela pobreza, desemprego, desigualdade de acesso à saúde, à educação, entre outros. Não nos preocuparmos com estes problemas é também quebrarmos a nossa aliança com Deus e com os irmãos. Não será isso pecar?

 

(Fonte da Imagem: http://www.ver.pt/imagens/20080408_HaNovosPecados.jpg)

A beleza da entrega

02.06.08 | ssacramento

Segundo a grande Tradição da Igreja, a redenção começa na cabeça. Começa conhecendo a verdade, que nunca é só teoria. Santo Agostinho fala de uma reciprocidade entre «ciência» e «tristeza»: o simples saber – diz – produz tristeza. E, com efeito – continua dizendo o Papa Bento XVI, «quem só vê e percebe tudo o que acontece no mundo, acaba por entristecer-se.

 

Mas a verdade significa algo mais que o saber: o conhecimento da verdade tem como finalidade o conhecimento do bem... A verdade torna-nos bons, e a bondade é verdadeira». A sabedoria expressa uma visão integral do homem e do mundo. Faz referência não só à ciência, mas também à maturidade e beleza interiores. T.S. Eliot fala da «sabedoria da humildade». Todas estas dimensões estão realizadas com abundância em Maria.

 

A beleza mais profunda é, certamente, a beleza da santidade. Uma boa mulher que cuidava de sua mãe dia e noite num hospital, disse há algum tempo: «Quando me encontrei de manhã na cafetaria do hospital e olhei ao meu redor, vi as pessoas pálidas, com olheiras porque, evidentemente, haviam estado a cuidar dos seus entes queridos durante a noite. E pensei: ‘Esta é a verdadeira beleza: a beleza da entrega’».

 

 

(Agência Zenit)

O poder da oração

01.06.08 | ssacramento

A crise do mundo e da igreja é a falta de oração. Uma onda de materialismo invade tudo, pondo de lado os valores do espírito que libertam. O mundo foge ao contacto com  Deus porque a sua presença queima.  À falta de critérios sobrenaturais que a oração nos dá, cresce o joio na seara e invertem-se os valores .

 

Nesta ruína e confusão que desfiguram o homem, só a oração pode dar equilíbrio às coisas e restituir a harmonia interior perdida. O homem é aquele que reza. A oração intoduz-nos no mistério de Deus e revela o homem ao próprio homem. A oração nasce do nosso ser de criaturas, da nossa condição natural de homens e filhos de Deus.

 

A oração é acto de amor. Exprime-se numa acto consciente, que compromete toda a nossa vida e acção. Não é o trabalho que reza, mas sou eu que rezo no meu trabalho. Esta conciência de Deus em nós permite-nos ver, a uma  luz diferente, o outro lado das coisas, das pessoas e da vida, e  dá ao  instante presente dimensões de eternidade.

 

 

(GUERRA, Abel Paulo - Caminho de Fogo)

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