Celebra-se hoje o domingo da Divina Misericórdia. Na sua encíclica Dives in Misericordia, o papa João Paulo II deixou-nos um documento importante para reflectirmos sobre a Misericórdia Divina.
"A mentalidade contemporânea, talvez mais do que a do homem do passado, parece opor-se ao Deus de misericórdia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia. A palavra e o conceito de misericórdia parecem causar mal-estar ao homem, o qual, graças ao enorme desenvolvimento da ciência e da técnica, nunca antes verificado na história, se tornou senhor da terra, a subjugou e a dominou. Tal domínio sobre a terra, entendido por vezes unilateral e superficialmente, parece não deixar espaço para a misericórdia (...).
A geração contemporânea tem consciência de ser uma geração privilegiada, porque o progresso lhe proporciona imensas possibilidades, insuspeitadas há apenas alguns decénios. A actividade criadora do homem, a sua inteligência e o seu trabalho provocaram mudanças profundas, quer no campo da ciência e da técnica, quer no plano da vida social e cultural. (...) As novas técnicas da comunicação favorecerão maior participação nos acontecimentos e intercâmbio crescente de ideias. As conquistas das ciências biológicas, psicológicas e sociais ajudarão o homem a penetrar na riqueza do seu próprio ser. (...) Mas também existem dificuldades que se vão avolumando. Existem inquietudes e impotências a exigirem que se lhes dê a resposta profunda que o homem sabe que tem de dar.".
A referida encíclica está disponível, na íntegra, aqui.
(Imagem disponível em http://www.misericordia.com.br/img/misericordioso.jpg)
Todos nós certamente já ouvimos falar da Web 2.0. De uma forma muito sucinta, podemos dizer que se trata de uma nova forma de encarar a Internet, assentando em tecnologias e serviços com características comuns, como o dinamismo, a interactividade, a colaboração, em que os utilizadores são simultaneamente criadores.
A Internet, em si mesma, não é boa nem má. É mais um meio que as pessoas dispõem e que poderá ser utilizado para comunicar, aprender, divertir-se. Tudo depende do uso que se faça dela. É fácil de perceber que, do mesmo modo que ao circularmos numa estrada devemos cumprir as regras de trânsito e tomar precauções para não termos acidentes, igual atitude somos obrigados a escolher quando navegamos pela Internet.
Os cristãos não podem ficar indiferentes à evolução tecnológica. Esconder a cabeça debaixo da areia, criticando a utilização que se faz das redes sociais, dos serviços de comunicação em linha como fóruns e chats, dos blogs e de todas as outras potencialidades da Web, não será a atitude correcta. Basta lembrar a abertura do canal do Vaticano no Youtube (www.youtube.com/vatican). Porque não utilizar as redes sociais, como o Hi5, Facebook, Myspace, ..., como espaços de evangelização? A actual missionação não passará também por esses espaços?
Nesta linha de pensamento, se posiciona o portal Cristo Jovem, que já aderiu a diversas redes sociais, como o Hi5 (http://cristojovem.hi5.com), myspace (http://www.myspace.com/cristojovem), Twitter (http://twitter.com/cristojovem) .O mesmo sucede, por exemplo, com o Grupo Vocacional das Irmãs Vitorianas (http://bemvindamiga07.hi5.com). Como referia o papa João Paulo II "para difundir a mensagem cristã (...) é necessário integrar a mensagem nesta nova cultura criada pelas modernas comunicações". Não é substituir uns meios por outros, é apenas pôr as novas tecnologias ao serviço do Evangelho.
Para a maioria das pessoas o trabalho é o principal ganha-pão. É a trabalhar que as qualidades da pessoa mais se manifestam. Daí a variedade de profissões que, na sua complementaridade, são um dos principais factores de progresso e da união, imprescindíveis em qualquer sociedade organizada.
Mas o trabalho também é um dever. Em 2 Ts 3,6-13, Paulo aborda esta questão do trabalho. Perante o drama do desemprego, que a tantos afecta, será justo dizer que se alguém não quer trabalhar, também não coma?
No referido texto bíblico, o motivo que levava alguns cristãos de Tessalónica a proceder desordenadamente, deixando de trabalhar e fazendo coisas inúteis, tinha lógica: o dia do Senhor estava iminente e, com ele, o fim do mundo, para quê então trabalhar, se o produto do trabalho estava condenado à ruína. Não era preferível dedicar-se a outras actividades, mais especificamente religiosas, para assim estarem melhor preparados para receber o Senhor?
Para o cristão, o trabalho é um dever por ser um exercício da caridade. Como tal, não está condicionado à sua remuneração. Não é que não tenha esse direito. Mas o cristão trabalha, primariamente, porque ama. Com o produto das suas mãos e do seu cérebro eleva o mandamento do Criador: crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra (Gn 1,28) à dimensão ilimitada e incondicional, própria da caridade que Ele manifestou em Cristo.
Paulo também refere que o trabalho deve ser feito com tranquilidade: não vivendo para trabalhar, mas sim o contrário. Quem tudo sacrifica aos lucros do trabalho, acaba por arruinar a sua vida e a dos outros e por faltar à caridade e à vigilância por ela exigida.
(OLIVEIRA, Anacleto - Um ano a caminhar com S. Paulo. Palheira: Gráfica de Coimbra, 2008)
Os últimos dias foram vividos pela Igreja Católica com uma intensidade digna de registo. A Ressurreição de Jesus Cristo ainda está "recente" entre nós; permitiu-nos, como dizia D. Manuel Clemente, bispo da diocese Portucalense, numa das suas homílias, passar da «obscuridade à plena luz». Tudo ficou mais transparente e cristalino: «Passámos a outra compreensão das coisas; é tudo tão surpreendente que não o imaginaríamos nunca, apesar das profecias».E nós, passados 2000 anos, embora não sendo contemporâneos de Jesus, somos privilegiados, pois podemos reflectir, escutar, ler a mensagem de Jesus e sabermos o que se passou.
D. Manuel Clemente arranca uma frase admirável na sua homília da Vigília Pascal: «Vencida a morte, toda a esperança é possível».Esta é de facto uma frase maravilhosa. E porquê? Ela encaixa de uma forma perfeita no nosso tempo de injustiças, crueldades, mas também nos transmite, de uma forma esclarecedora, esperança de uma vida melhor. Neste sentido, o bispo do Porto dá-nos a receita para que possamos usufruir de um dos maiores dons de Deus , a vida:
Guardar e fazer frutificar a criação, sem a deteriorar nem distorcer a sua realidade própria e o seu equilíbrio geral.
Reconhecer e respeitar activamente a vida de Deus, em cada pessoa, da concepção à morte natural.
Tudo fazer para que as famílias se constituam com responsabilidade e viabilidade, como células insubstituíveis duma sociedade inteiramente humana.
Conseguir que todos acedam ao trabalho que , além de necessário para ganhar o sustento, é condição indispensável para a realização de cada ser humano.
Empenhar-se em tudo o que contribua para a justiça e a paz num mundo que é de todos e para todos, como Deus o criou e agora recupera em Cristo
Seria bom que nós cristãos meditassemos nestas sábias palavras, de forma a que «não nos diga respeito a crítica dum filósofo oitocentista, que não acreditava nos cristãos por não parecerem discípulos de um ressuscitado..»
(Adaptado de Homilia do Bispo do Porto na Vigília Pascal, 2009)
Ser um homem íntegro é uma meta que todos queríamos alcançar; mas a integridade pressupõe um processo de evolução que já foi percorrido antes de lá chegar. A integridade é o equilíbrio da autenticidade; o homem íntegro, o homem que tem uma personalidade definida e recta é aquele que, sabendo bem o que deve fazer, e convictamente, não se deixa levar por flutuações circunstanciais.
Ser íntegro não é apenas caminhar, mas caminhar sabendo para onde se vai. Quando se sabe para onde se vai, o mundo afasta-se para o deixar passar.Ser íntegro é potencializar a nossa personalidade pondo-a ao serviço dos outros, mas vendo neles a imagem de Cristo, que nos leva a Deus.
(MILAGRO, Alfonso - Os cinco minutos de Deus. Cucujães: Editorial Missões, 2005)
Quando emprestamos um livro, normalmente não volta. Se volta, regressa amachucado, com a capa envelhecida. Quer dizer, alguém usou as nossas coisas sem cuidado. Uns dizem, quem empresta já sabe. Outros dizem, por isso é que não se empresta.
Deus emprestou-nos o mundo. Já não está como o recebemos. Por um lado, melhorámos o livro, por outro, só uma pequena minoria é que o pode ler. Pensemos, por exemplo, na água. Quanta água deitamos fora sem usar? É muito mais maçador estar sempre a abrir e fechar torneiras, tal como ter cuidado com os livros dos outros. Porém, a água também é minha, também é sua. Cuidar do mundo: esse pensamento também tem de estar sempre presente na nossa mente.
(Adaptado da Revista Mensageiro do Coração de Jesus, Abril/2009)
A Páscoa é fé. É a alegria de anunciar que Jesus está vivo. A Páscoa é o Dia que o Senhor fez, o Dia da imortalidade, da eternidade.Alegremo-nos e rejubilemos, pois a Ressurreição é a Nova Criação.
Cada um de nós é Páscoa. Fomos marcados pelo Espírito e somos enviados a anunciar. Que cada um de nós se sinta missionário da Páscoa e anuncie a grande notícia ao mundo: que Jesus veio à Terra para a humanidade inteira. Vale a pena cooperar com Deus na salvação dos irmãos.
Cristo venceu a morte e deu-nos a vida. Aleluia!
Neste domingo de Páscoa, vários grupos de cristãos percorreram as ruas da paróquia com a Cruz de Cristo, anunciando a Ressurreição. Em casa ou na rua, foram muitas as pessoas que abriram as suas portas ao Senhor e o quiseram acolher no seu coração.
Há experiências que não se podem quantificar e não se conseguem contar. Como descrever a emoção da idosa de 100 anos que, repetidamente, beijava a cruz? Como explicar o que poderá ter sentido aquela outra senhora, acamada, rodeada pela filha e pela neta, já depois de ter recebido a Santa Unção dos Enfermos? Como referir a alegria que se vivia naquela casa em que 30 pessoas da mesma família aguardavam a chegada de Cristo vivo? Ou a de uma outra casa em que eram 12 as crianças a quererem beijar o Senhor Jesus? E o que poderemos dizer daquelas pessoas que, sozinhas no seu lar, choraram as suas dores ao beijarem a Cruz de Cristo? São realmente experiências únicas e de uma riqueza espiritual tão forte que só mesmo quem as vivencia conseguirá entender.
Olhai! Deus passou sobre a terra: Deus-caminhante, Deus-passagem, Deus-Páscoa! E Deus, para sempre, vive connosco.
A sua passagem é ligação entre o céu e a terra porque desceu vindo ao nosso encontro. A sua passagem é reconciliação para a humanidade: somos todos filhos e filhas de um mesmo Pai. A sua passagem é exaltação dos humildes: são os preferidos do seu coração. A sua passagem é acolhimento e partilha: a caridade é elevada à categoria de bem-aventurança. A sua passagem é um acto de fé em Deus: o homem pode, a partir de agora, participar da sua divindade. A sua passagem é palavra de Evangelho a prefigurar a Boa Nova anunciada às nações.
Páscoa é a última passagem de Deus-Homem. Atravessou o território da morte, pega-nos pela mão para passarmos, com Ele, à Vida. Olhai! A pedra do túmulo está tirada. Ela deixa passar Aquele que vive!
(ARNOLD, François - Caminhos de Páscoa.Porto: Edições Salesianas, s.d.; Imagem disponível em http://orbita.starmedia.com/~gnparoquia/pascoa-2001/jc%20ressuscitado.gif)
O jejum mais importante é aquele que tem como objectivo esvaziar o nosso coração de inutilidades para o enchermos do que é valioso. É uma limpeza necessária a fim de arranjarmos espaço na alma para as realidades sublimes para que Deus nos criou.
Procuremos jejuar de julgar os outros, descobrindo o Cristo que vive neles.
Jejuemos de palavras ofensivas, enchendo-nos e pronunciando expressões edificantes.
Jejuemos de descontentamentos, enchendo-nos de gratidão.
Jejuemos de irritações, enchendo-nos de paciência.
Jejuemos de pessimismo, enchendo-nos de esperança cristã.
Jejuemos de preocupações, enchendo-nos de confiança em Deus.
Jejuemos de lamentações, enchendo-nos do apreço pela maravilha que é a vida.
Jejuemos de pressões que nunca mais acabam, enchendo-nos duma oração permanente.
Jejuemos de amargura, enchendo-nos de perdão.
Jejuemos de dar importância a nós mesmos, enchendo-nos de amor pelos outros.
Jejuemos de desalento, enchendo-nos do entusiasmo da fé.
Jejuemos de tudo o que nos separa de Jesus, enchendo-nos daquilo que d'Ele nos aproxima.
(Revista Cruzada, Março/2009; Imagem disponível em http://www.vatican.va/news_services/liturgy/2007/via_crucis/po/station_11.html)
Não se trata de uma imagem, nem de uma parábola: Realmente deu o exemplo! Pôs-se de joelhos! Realizou o gesto! A loucura dos gestos de amor!
Para Ele, o amor não tem limites. Como poderemos nós segui-Lo neste campo? Perigoso: muita coisa teria de mudar.
Amar, para Ele, chega ao ponto de se ajoelhar, num gesto de servidor dos discípulos. Apenas este gesto de despojamento de si é capaz de mostrar o amor do Pai, porque este acto de servidor sem condições é o único capaz de despertar em nós o espanto que nos tornará, por sua vez, capazes de nos despojar e de nos curvar para dar a felicidade aos nossos irmãos.
Quando se faz este gesto mudam-se as estruturas do mundo! Entramos em sintonia com a lógica de Deus: a do amor.
(ARNOLD, François - Caminhos de Páscoa.Porto: Edições Salesianas, s.d.)