Com a celebração da festa do Baptismo de Jesus, que se celebra amanhã, encerra o tempo chamado do Natal. Rapidamente passamos do acolhimento ao menino nascido em Belém à apresentação oficial e em público de Jesus como Filho de Deus.
Lucas situa Jesus a ser baptizado num baptismo geral: «Todo o povo tinha sido baptizado; tendo Jesus sido baptizado também» (Lc 3, 21). Não dá muitos pormenores. Aqui contemplamos Jesus confundido com os pecadores.
Jesus solidariza-se com todos os que se esforçavam por voltar para Deus. E é aí que o Pai o dá a conhecer: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus o meu encanto» (Lc 3, 22). Este facto abre-nos as portas a uma grande notícia: de cada vez que nos confessamos pecadores temos o caminho aberto para sermos reconhecidos como filhos por parte de Deus.
(Adaptado de Ginel,Álvaro;Ayerra,Mari - A palavra do Domingo. Comentário e oração - ano C. Porto: Edições Salesianas, 2006; Imagem disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/9/98/Francesco_Albani_-_The_Baptism_of_Christ.jpg)
A época de Natal aproxima-se do seu termo e com ela instala-se uma certa nostalgia. A recolha das peças do presépio pode levar a este estado de espírito. Toda aquela azáfama imposta na compra do musgo e verdes, a procura da caixa onde cuidadosamente se guardou o presépio, a alegria ao colocar o "Menino" na manjedoura, contrasta com a melancolia do desfazer, de tornar a guardar todas aquelas "personagens" milenares num sítio "escondido" da nossa casa.
No entanto, é bom que apesar de "escondido" ele se mantenha vivo a "latejar" no nosso coração. E é aí que a melancolia dá lugar a uma transformação do nosso ser. Renascemos. Podemos respirar uma lufada de ar puro.
Deus dá-nos mais uma oportunidade de crescermos e de emendar o que está errado. "Empurra-nos" para nos libertarmos dos nossos vícios e vivermos o nosso dia-a-dia tendo sempre Jesus no horizonte... E quem nunca contemplou um pôr-de-sol ao longe no horizonte? É um momento único, não é? O dia dá lugar à noite. Apesar disso, sabemos que o dia volta a acontecer. Jesus é igual, mesmo quando "dormimos" nunca nos abandona e se deixarmos ele volta a nascer para cada um de nós!
A intenção do Santo Padre para este mês de Janeiro tem como lema «Que os jovens saibam utilizar os meios modernos de comunicação social para seu crescimento pessoal e para se prepararem melhor para servir a sociedade». As novas tecnologias estão a provocar profundas transformações nos modelos de comunicação e nas relações humanas, principalmente nos jovens, a ponto de o Papa Bento XVI denominar esta geração como «geração digital».
A possibilidade de pessoas e grupos comunicarem livremente no mundo digital levou a um aumento massivo da informação disponível. Só como exemplo, na Internet, usando um motor de busca e a palavra "vampiro" (um dos temas da moda entre adolescentes), obtiveram-se, em 37 segundos, dois milhões e quinhentos mil resultados. A quantidade e a qualidade, porém, não andam necessariamente juntas.
Quanto à gestão dos imensos volumes de informação disponível, sobretudo na Internet, a forma mais eficaz é atender à qualidade das fontes: meios de comunicação de valor reconhecido, instituições respeitadas constituem, à partida, garantia de qualidade. O mais importante, no entanto, é o desenvolvimento de critérios que permitam fazer a selecção dos conteúdos e a reflexão crítica sobre os mesmos.
Pensando nos mais novos, isto implica sobretudo a educação dos valores: respeito por si próprio e pelo outro, apreço pela dignidade da pessoa, disponibilidade para o voluntariado e o serviço comunitário – para que seja natural aos mais novos recusarem a pornografia, o racismo, a violência gratuita, a discriminação, o egoísmo; apreço pelas formas democráticas de governo, preservação dos bens comuns, cuidado com natureza – tornando mais fácil a rejeição dos totalitarismos, dos comportamentos anti-sociais, das atitudes menos sadias; para os crentes, a educação no amor a Deus e ao próximo, a vivência comunitária da fé – abrindo caminho para dimensões da existência humana capazes de a dotarem de sentido e transcendência...
(Agência ECCLESIA; Revista Mensageiro do coração de Jesus - Jan. 2010)
4 de 2010. Sim, o ano passou novamente num ápice. O tempo não descansa, antes pelo contrário, "desloca-se à velocidade da luz". E para nós, qual é o ritmo do encontro, do diálogo com Deus?
Rodeados de grande ruído, vivendo tempos tumultuosos a todos os níveis, precisamos de nos refugiar no silêncio. Aquele silêncio de ouro, que ajuda a conhecermo-nos, mas também, a entrarmos em comunicação com Deus.
Porque não procurarmos o silêncio de uma Igreja, para dialogarmos com Jesus, o sossego de um jardim, para contemplarmos a obra de Deus? A nossa casa é talvez o sítio ideal para entrarmos no silêncio, em conversa com Deus. Por pouco que seja o tempo "gasto" nesse encontro, pois andamos todos muito atarefados, ele vai dar-nos energia e sabedoria para superarmos as nossas dificuldades. Santo Anselmo, no seu "Proslógion", dizia: "Deixa um momento as tuas ocupações habituais, ó homem; entra em ti mesmo, longe do tumulto dos teus pensamentos. Entrega-te uns momentos a Deus; descansa por algum tempo em sua presença."
Ao longo deste ano litúrgico C, é o "Evangelho de Jesus Cristo segundo S. Lucas" que vai ser proclamado nas celebrações da Eucaristia dominical.
Na Idade Média, o Evangelho de Mateus foi dividido em 28 capítulos e o Evangelho de Lucas só em 24. Contudo, Lucas é o mais longo dos dois. Durante muito tempo, a Igreja privilegiou a leitura e os comentários de Mateus por causa da sua temática mais centrada na eclesiologia.
No decorrer dos séculos, Lucas nunca deixou de maravilhar o povo cristão: as parábolas do bom samaritano ou do filho pródigo, os episódios de Zaqueu e da pecadora arrependida, a importância atribuída à concepção e ao nascimento de Jesus.
Ainda que pareça caracterizado pela alegria, este Evangelho está articulado pelos elementos de um drama: a Salvação, preparada diante de todos os povos e para todos os povos, e o anúncio da Boa-Nova aos pobres abrem o caminho desde a Galileia até Jerusalém, mas parece ser derrotada aos pés da cruz. Por isso, tudo se reaviva na manhã de Páscoa como uma vitória do projecto de Deus através das derrotas.
Teófilo, o leitor "amigo de Deus", a quem o terceiro Evangelho e o livro dos Actos dos Apóstolos são dedicados, fica assim duplamente consolidado na sua fé.
(Saoût,Yves - Evangelho de Jesus Cristo Segundo S. Lucas. Cadenos Bíblicos. Fátima: Difusora Bíblica;1ª Edição, Set. 2009; Imagem disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7e/Saint_Luke.jpg)
"É cada vez mais claro que o tema da degradação ambiental põe em questão os comportamentos de cada um de nós, os estilos de vida e os modelos de consumo e de produção hoje dominantes, muitas vezes insustentáveis do ponto de vista social, ambiental e até económico. Torna-se indispensável uma real mudança de mentalidade que induza a todos a adoptarem novos estilos de vida, «nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento». (...) Todos somos responsáveis pela protecção e cuidado da criação. Tal responsabilidade não conhece fronteiras. (...) É importante que cada um, no nível que lhe corresponde, se comprometa a trabalhar para que deixem de prevalecer os interesses particulares. (...) Não podemos permanecer indiferentes àquilo que sucede ao nosso redor, porque a deterioração de uma parte qualquer do mundo recairia sobre todos. As relações entre pessoas, grupos sociais e Estados, bem como as relações entre homem e ambiente são chamadas a assumir o estilo do respeito e da «caridade na verdade».
A Igreja tem a sua parte de responsabilidade pela criação e sente que a deve exercer também em âmbito público, para defender a terra, a água e o ar, dádivas feitas por Deus Criador a todos, e antes de tudo para proteger o homem contra o perigo da destruição de si mesmo. (...) Os deveres para com o ambiente derivam dos deveres para com a pessoa considerada em si mesma e no seu relacionamento com os outros.
(Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2010, in http://www.7arte.net/cgi-bin/VP/editorwww/ler_seccao2.pl?33|7; Imagem disponível em http://www.buques.com.br/fotos/margaridas.jpg)
Iniciamos o ano contemplando Maria, a Mãe. Maria ensina-nos a não planear a nossa existência sem ter em conta os planos de Deus; não vale a pena uma vida em que Deus não é tido em conta. Em Maria, no começo do ano, Deus recorda-nos que está disposto a fazer maravilhas em nós e através de nós, se Lhe dermos mais espaço e se meditarmos melhor no coração o que não entendemos a respeito de Deus.
Nem para Maria nem para ninguém, Deus é compreensível sem silêncio, sem espera, sem romper muitas vezes os esquemas que traçámos para nós. Crer hoje, e ao longo do ano, será sempre deixar espaço a Deus e deixar que Deus entre na nossa vida e nos mude o rumo. É como nos convida S. Lucas a programar o nosso ano: como quem, seguindo Maria, se esforça em captar o que vê e ouve.
(Ginel,Álvaro;Ayerra,Mari - A palavra do Domingo. Comentário e oração - ano C. Porto: Edições Salesianas, 2006)