Morte e Vida: Perspetiva de Marcos - I
Os discípulos e os leitores são convidados a não pensar como os homens - o que faz Pedro - mas como Jesus, que não se deixa conduzir por critérios de poder e de autoridade, mas pelos do serviço e do dom da própria vida:
«Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder. Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se servo, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.»
Jesus propõe-se como exemplo deste serviço total: « Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos» (Mc 10,42-45). Este é o sentido da vida de Jesus: o serviço-morte em função da Vida para os outros, isto é, da libertação da humanidade.
Esta morte-serviço inclui três elementos fundamentais:«dar a vida», «por muitos» e «o sacrifício do resgate». Este termo indica o preço a pagar pela libertação de um prisioneiro ou escravo (1 Pe 1,18-20). Isto faz com que o "serviço" de Jesus seja o fulcro da nossa atenção. Os «muitos», ou melhor «todos» são o objeto desta libertação. Jesus liberta, dando a própria vida, como serviço.
Jesus-servo oferece-se a si mesmo como um sacrifício expiatório, numa oferta silenciosa. Não utiliza o poder, para dominar os inimigos do seu povo, em relação aos romanos - como queriam os seus discípulos - mas para os vencer mediante o seu serviço total.
A atuação de Jesus em favor dos mais necessitados também é expressa pelo verbo salvar (sôzein). Este é o seu serviço em favor da multidão; e este é também o objetivo do seu "vir" ao mundo. É nesta atividade salvadora que os discípulos o reconhecem como Messias.
Artigo de Herculano Alves in Revista Bíblica - maio/junho 2012;imagem disponível em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Eccehomo1.jpg