O Ausente Presente
Tu, Senhor, não hesitas em multiplicar os sinais da tua presença e do teu amor, no itinerário da nossa existência!
São tantos que, por vezes, nem damos por isso e não manifestamos o nosso reconhecimento. Pelo contrário, nas horas de solidão e desalento, quando o pessimismo nos derrota ou a incerteza nos assusta, até somos capazes de reclamar contra aquilo que nos parece ser a tua ausência.
Afinal, o que se passa é que perdemos o hábito de a reconhecer. É que Tu, Senhor, nunca és espalhafatoso nos sinais da tua presença, nem espectacular nas manifestações do teu amor. Preferes a intimidade de um encontro muito pessoal, onde não seja preciso gritar para se fazer ouvir, nem abanar para se dar a conhecer.
Como não te reconhecer na Palavra que nos interpela, na amizade que nos conforta, na advertência que nos alerta, no acontecimento que nos desperta, no dom que nos gratifica?... Como não te reconhecer na beleza que nos embeve, na natureza que nos arrebata, na arte que nos eleva, na ciência que nos esclarece, na técnica que nos facilita, na medicina que nos socorre, no progresso que nos surpreende?...
Tu, Senhor, estás sempre presente e atravessas todas estas realidades com o sopro criador do Teu Espírito.
(PAES, Carlos - Rezando ao Pai pelo Filho no Espírito. Prior Velho: Paulinas, 2004)