Jesus como homem do louvor
Ir ao encontro do Senhor para pedir, para suplicar dons materiais ou graças espirituais, mais ou menos todos nós vamos fazendo, porque nos sentimos em necessidade e somos pobres. Mas louvar, bendizer o Senhor, dar graças pelo que Ele é e pelo amor que nos tem, já é mais difícil, já não se encontram tantos «devotos». Talvez seja um dos males da nossa oração, da nossa vida interior: não louvamos, não sabemos dar graças. É sem dúvida, uma lacuna grave na nossa vida, na espiritualidade dos homens de hoje.
Um dos traços mais belos e mais característicos da oração e da vida de Jesus é o louvor. Ele é o homem do louvor. Tudo vê, tudo admira como obra do Pai e do seu amor. Todas as realidades, desde as sementeiras até à beleza dos lírios dos campos, desde a inocência das crianças até ao gesto humilde de uma viúva que dá tudo quanto tem, são ocasião contínua para se referir ao Pai em louvor, admiração, reverência filial e humilde.
O louvor é acção gratuita, desinteressada. Louva-se, não se pede, não se faz comércio. Grita-se do fundo da alma ao Senhor a alegria de ser seu filho e cantam-se os seus louvores. Oração difícil, porque parece não servir para nada, parece que não nos dá nada. Mas ao louvarmos, enriquecemo-nos, agigantamo-nos, ficamos mais semelhantes a Deus que é a gratuidade infinita.
(Dário Pedroso, S.J.- Senhor ensina-nos a rezar. Braga:Editorial A. O., 2000)