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Blogue da Paróquia do Santíssimo Sacramento

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As festas da Bíblia (VII): a festa das Tendas

23.05.07 | ssacramento
Até ao século XIII a.C., os povos que habitavam Canaã celebravam as suas festas seguindo o ritmo da natureza e agradeciam aos deuses os frutos da terra. A festa das Tendas pretendia agradecer os frutos das colheitas do Outono, sendo sobretudo uma festa das vindimas. Tem a sua origem nas cabanas em que as pessoas viviam durante as colheitas, longe das suas casas. Era uma época de grandes alegrias, festejos e danças, mas tendo um carácter sagrado.

Mais tarde, com o Deuteronómio e tal como aconteceu com a Páscoa e o Pentecostes, as cabanas das colheitas dos campos passaram a significar para os judeus as tendas onde o povo viveu no deserto do Sinai, após a saída do Egipto, a caminho da Terra Prometida. Deste modo, durante a Festa das Tendas, Festa das Cabanas (Sucot) ou Festa dos Tabernáculos, que se celebrava no mês de Tishri (Setembro-Outubro), as famílias erguiam pequenas tendas nas ruas ou terraços, cobrindo-as com folhas de palmeira e de salgueiro ou outras verduras. Porém, mais do que as colheitas dos campos era importante lembrar a peregrinação do povo hebreu sob o olhar do Deus de misericórdia, que o tinha libertado de todos os perigos.

"No décimo quinto dia do sétimo mês celebrar-se-á a festa das Tendas em honra do Senhor, durante sete dias (...). Celebrareis esta festa do Senhor, sete dias cada ano, como lei perpétua para os vossos descendentes; celebrá-la-eis no sétimo mês. Morareis nas tendas durante sete dias; todos os que nasceram em Israel permanecerão sob a tenda para que os vossos descendentes saibam que dei a tenda por morada aos filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egipto. Eu, o Senhor, vosso Deus..." (Lv 23,33-43). Se compararmos com o texto que aparece em Dt 16,16-17, verificamos que neste último a festa ainda é completamente agrícola, girando em torno dos "produtos da tua eira e do teu lagar", com um carácter alegre e festivo, enquanto na citação do Livro do Levítico já não se fala dos produtos agrícolas, mas somente das tendas no deserto. Neste caso e ao contrário de outras festas, a festa agrícola transformou-se numa festa de ritual nómada e pastoril. O deserto, por ser o mundo do nada, da morte e terror, tornou-se para Israel a escola onde aprendeu a esperar tudo do amor de Deus (Sl 78;106).

Jesus veio ao mundo e quis morar na tenda de um corpo humano, peregrinando durante toda a sua vida no deserto deste mundo: "O Verbo fez-se homem, montou a Sua tenda entre nós e nós vimos a Sua glória, glória que vem do Pai..." (Jo 1,14).

Jesus é, pois, a verdadeira tenda de Deus, a verdadeira morada de Deus no meio dos homens. Entrando na sua tenda, atravessaremos com segurança o deserto da nossa peregrinação na terra.
(Revista Bíblica nº 244 e 228)




Judeu ortodoxo tocando o Shofar (feito com chifre de carneiro) que servia para convocar o povo de Deus para as grandes festas religiosas de Israel.

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