... E MEDITAR
25 de Fevereiro
Quinta-feira da Semana I
Mt 7, 7-12
Ao falar aos discípulos sobre a oração confiante ao Pai, Jesus coloca como consequência esta reformulação da regra de ouro: “Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam fazei-lho vós também: esta é a Lei e os Profetas.” Porquê esta consequência? Que relação tem com a oração? Talvez seja apenas uma arrumação da frase, usada pelo redactor deste evangelho, uma vez que em S. Lucas aparece numa sequência muito mais óbvia. De qualquer forma, vale a pena pensar nisto.
Todos conhecemos a regra de ouro na sua formulação negativa: não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. Aparece assim no Livro de Tobias e em muitas culturas, mesmo anteriores ao judaísmo, e goza de uma aceitação universal que seria bom questionar um pouco mais. Mas Jesus rediz a regra com uma expressão positiva, capaz daquela inquietante abertura de concretização, que perpassa os seus ensinamentos. Um “não faças” é limitado, não fazemos e está feito, mas um “faz” nunca está acabado. Assim, esta desafiadora reformulação da regra de ouro, tão próxima do preceito de amar o próximo como a si mesmo, é um princípio de vida muito mais rico e construtivo que a sua formulação tradicional.
Sendo apresentada como consequência de um pedir confiante e insistente, pensemos no nosso modo de rezar pedindo. Rezamos, pedindo por nós e pelos que conhecemos e mesmo pelos que não conhecemos, por todos. Mas, se devemos fazer aos outros o que queremos que os homens nos façam, não deveremos fazer também, na medida do possível, o que queremos que Deus nos faça?
A oração, de facto, compromete-nos a fazer o que pedimos. Muito estranho seria o contrário. Mais ainda, o que pedimos como bem para nós, não pode ser um mal para alguém. Se é um bem verdadeiro, um bem de Deus, é bem para todos. Por isso, a oração não é nunca uma questão pessoal, é sempre como Corpo de Cristo que rezamos ao Pai. As nossas orações unem-se à oração de Jesus, numa mesma prece. Não podemos rezar, senão com Jesus e como Ele, pedindo por todos e implicando-nos, como Ele e com Ele, em realizar o que pedimos.
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Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Pedi e dar-se-vos-á, procurai e encontrareis, batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque todo aquele que pede recebe, quem procura encontra e a quem bate à porta abrir-se-á. Qual de vós dará uma pedra a um filho que lhe pede pão, ou uma serpente se lhe pedir peixe? Ora, se vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos Céus as dará àqueles que Lhas pedem! Portanto, o que quiserdes que os homens vos façam fazei-lho vós também: esta é a Lei e os Profetas».